PÁSSAROS TAMBÉM SÃO MESTRES
Uns tempos pra cá, comecei a observar pássaros. Seres pequenos e frágeis, só em chegar perto, logo se assustam. Então, me contentei somente a olhar-los de longe. Como gostaria de conversar com eles para saber de onde eles vêem e para onde vão. Queria sentir a sensação que eles tem quando voam para um ceú infinito. Sei que isso é impossível, mas observando-os, eles falam através de movimentos. A partir daí, iniciou-se aulas com os mestres mudos de palavras. Até o próprio Jesus nos advertiu observar as aves dos ceús. Diante da grandeza dos pequeninos de asas, aprendi que é preciso estar livre para abrir as asas e voar aonde quiser. Muitas vezes ficamos presos nas gaiolas das preocupações, das ideologias, dos sentimentos escondidos, e assim petrificamos nossas asas até morrermos na gaiola. Pássaros que gostam de gaiolas são pássaros que desaprenderam a voar. Se acostumaram com os xadrezes da vida.
Com uma simples visita de um destes pássaros, comecei a enxergar melhor a simplicidade como um canto. Tão belo e ao mesmo tempo ligeiro. Aprendi que encanta quando canta, ausência do canto, ausência do pássaro. Simplicidade é uma virtude que não é fácil permanecer nos corações. Seus voos me inspiram à ser ousado, suas asas podem estar machucadas, cortadas, mas no abrir de suas mãos de penas, sua característica é inconfundível: é um pássaro.
Nós seres humanos temos asas, são os nossos pensamentos. Descobri que quando elevamos os nossos pensamentos, somos ousados para bater na porta do desconhecido. Requer muita coragem. O desconhecido sugere para sermos levados pelo vento com as nossas asas abertas. Sentindo o frescor de ir e vir dando-nos a capacidade de escolher onde queremos pousar.
Bom, o pequeno mestre de asas me mostrou o quanto precisava saber. Sei que nestas repentinas chegadas e partidas, ficarei instigado para saber mais dos seus misteriosos voos.