A Grande Mentira da Educação Brasileira
A Grande Mentira da Educação Brasileira
Jorge Linhaça
Lá pelos idos dos anos 1990, para não voltar muito no tempo, organismos internacionais detectaram que o Brasil e especialmente alguns estados como São Paulo, eram recordistas em retenção escolar. Com isso, deram um prazo para reverterem o quadro, findo o qual, as torneiras de ajuda externa seriam fechadas.
Optou-se pela maneira mais fácil, pelo caminho mais rápido para “resolver” esse problema. Deixou-se de reprovar.
Ao invés de se criarem condições para a melhoria da qualidade de ensino, nossos ilustres governantes, encabeçados na época por Mário Covas, decidiram por decreto que as escolas não poderiam ter um índice de retenção/reprovação dos alunos maior que uma determinada porcentagem estabelecida.
Com o passar dos anos isso espalhou-se por todo lado e hoje em dia é praticamente impossível um aluno ficar retido. Só mesmo do se o mesmo não frequentar a escola.
A maquiagem á qual a educação vem sendo submetida ano após ano, fica patente nos ranckings educacionais internacionais.
A escola brasileira não ensina, empurra os alunos ano após ano para a série posterior.
Os alunos, sabedores disso, pouco ou nada se esforçam, já que sabem que dificilmente deixarão de concluir o ensino fundamental ou médio.
A coisa explode mesmo é na hora adentrar ao mercado de trabalho.
O vício do menor esforço, a incapacidade de interpretar textos e ordens, a consequente lentidão no exercer das tarefas e o absoluto desinteresse pela produtividade ou a meritocracia, condenam nossa juventude a um limbo cruel.
Claro que nos colégios particulares a realidade é um pouco diferente. Nem poderia deixar de ser, afinal o que realmente interessa é manter o abismo educacional entre as classes sociais. Os “bem-nascidos” são preparados para a “lei da selva” que impera na sociedade, enquanto que o povo comum recebe um simulacro de educação.
Pior do que isso é a alegria com que os alunos das escolas públicas recebem essa “dádiva” de não ter que se esforçar para obter seus certificados. Não conseguem perceber que são como ratos atraídos para uma ratoeira com a promessa de alimento farto e grátis.
Hoje sobram vagas no mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que sobram trabalhadores nas filas de emprego. Paradoxal? Não. Simplesmente o reflexo de uma má formação, de uma qualificação deficiente e de uma dependência criada pelo sistema de ensino: A lei do menor esforço.
Claro que existem exceções, de ambos os lados da moeda. Há alunos de escolas públicas que não se deixam iludir pelas facilidades e há alunos de colégios particulares que não se interessam em aprender. Isso depende também da atitude dos pais, da maneira como encaram a educação, de acompanhar o progresso de seus filhos.
Colocar sobre a escola a responsabilidade total sobre a educação dos filhos é um erro crasso de nossa sociedade. A educação começa em casa, a escola é responsável pelos conteúdos disciplinares, enquanto que os pais são responsáveis por ensinar os filhos a serem responsáveis e receptivos; a respeitarem a autoridade do professor e funcionários das escolas.
Infelizmente o que vemos hoje são pais que tomam as dores dos filhos e ameaçam os professores, isso quando não chegam ás vias de fato.
Vivemos uma educação “de mentirinha” em nosso país.
Os pais não educam em casa e a escola não educa nas salas de aula. Quando muito, geramos um exército de analfabetos funcionais, incapazes de interpretar textos, mensagens, ou mesmo noticias orais em telejornais ou em emissoras de rádio.
Não é coincidência que o nível cultural de nossa população decline a cada ano.
Não é coincidência que a TV esteja cada vez mais apelativa e menos informativa.
Não é coincidência que os intelectuais estejam em extinção ou relegados ao ostracismo, enquanto livros que nada acrescentam sejam vendidos aos milhares.
Salvador, 10 de janeiro de 2012.