Condenada à vida
Uma sociedade inteira construída sobre a comparação, sobre o erro, sobre a troca dos polos certo e errado. De bilhões de mentes, algumas, penso eu, pensam como eu. Não há unguento que amenize os gemidos de dor de cada um, de mim. Ao olhar de relance para o carro ao lado, para a janela da frente, para a caixa do supermercado só se enxergam olhos vazios, perdidos, lívidos, carentes de visão. Qual é a graça de respirar o ar que provém do egoísmo, do pedantismo? Qual o objetivo de acordar cada manha para se olhar no espelho para se comparar à mesmice de algum estereótipo de um grupo que, digamos, acho que tenha preceitos que concordo sendo que nem mesmo sei com muita certeza o que penso. Ouvir, falar, ver são variáveis de uma equação, que se usadas do modo certo não culminam num resultado certo, nem nulo; na verdade quando cada parte dessa equação é descoberta são colocadas na jogada mais e mais incógnitas que atrapalham, porque nenhum humano sabe como lidar com as mesmas. Numa insuficiência insaciável do andar, comer, crescer, ser superior estou condenada à vida, à persistir em gemer em dor, à ser um protótipo de quem realmente sou.
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