CRÔNICA AO FIM DO MUNDO
 

“E o céu desmoronou-se em tempestades de estrupício, e o Norte mandava furacões que destelhavam as casas, derrubavam as paredes e arrancavam pela raiz os últimos talos das plantações.” Seria isto uma premonição?
 
O prólogo deste texto – infelizmente - não é creditado a minha pessoa. Afinal não chego ao dedo mindinho do talento do grande escritor Gabriel García Marquéz (Gabo para os mais íntimos). Contudo, senti uma repentina vontade de escrever, vindo à mente um dos trechos mais marcantes da brilhante obra Cem Anos de Solidão - não sem propósito - afinal, só se fala no provável fim do mundo que ocorrerá amanhã.

Assim, como esta pode ser a última e única chance de expressar minha veia literária, decidi postar este texto. Espero que pelo menos os amigos do facebook, que não tiverem nada mais interessante para fazer, leiam esta crônica feita com tanto esmero.

Voltando ao fim do mundo, creio que os profetas maias não eram bons matemáticos... Acho que erraram no cálculo da data do apocalipse. Com isso questiono-me se mundo já não acabou. Tenho convicção que aqui no Brasil há tempos a humanidade foi extinta.

Lembrei-me do mensalão, das filas do SUS, das crianças nos semáforos, da violência nas famílias e escolas, dos crimes bárbaros cada vez mais comuns, do desemprego, da mídia sensacionalista, do Roberto Carlos cantando “Esse cara sou eu”... Com certeza, o mundo acabou! Em Alagoas, nem se fala. Nossa política foi uma usina nuclear que se alimentou tanto da miséria do povo que já explodiu e levou o Estado junto faz décadas, ou séculos; sei lá, só sei que foi assim.

Como disse um amigo: “se o mundo acabar amanhã, o bom é que nos livraremos de um monte de gente chata”. O famoso “farinha-azeda”, aquele nosso conhecido insensível, mal-humorado, mal-educado, incoveniente, que pede empréstimo e não paga, todos serão exterminados da face da Terra. Isso sim é um conforto para o fim do mundo, o ruim é que iremos juntos.

Minha alegria é saber que vi, vivi e aprendi da vida (acho que esta frase é do Fantástico). O problema é que não deu tempo de plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Mas se o prazo do fim do mundo for dilatado, ainda consigo. Desculpem-me os clichês, mas agora tenho que ir. Vou comprar um bote salva-vidas e aproveitar as poucas horas que me restam... Amoooor, estou chegando!

 

Robson Alves Costa
(20/12/2012)

(Imagem: Internet)

 
Robson Alves Costa
Enviado por Robson Alves Costa em 09/01/2013
Reeditado em 12/05/2013
Código do texto: T4075919
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