O quê?
O quê?
Quem sou eu, quem é você e quem somos nós? Na verdade somos produtos de um mundo, melhor dizendo, somos seres obrigados a interpretar a vida. A vida tem o seu próprio roteiro e dele ninguém escapa. Somos criatura e criador, mas repetindo sempre o produto final.
Nós criamos a liberdade para logo em seguida condená-la. Ser livre foge aos parâmetros que foi determinado ao que no início foi escrito pela própria criatura, melhor dizendo, por nós. Não há criador, mas criadores. Nós somos deuses de nós mesmos, mas foi preciso criar um criador para que nele encontrássemos as respostas que nos perturbam. Logo, a verdade passa a ser fabricada!
O simples fato de existir, inquieta! O mundo nos quer medíocres, rotineiros, e obedecemos a sua vontade inventando uma vida e repetindo-a. A ideia é assustadora, mas não podemos negar que nascemos para fingir que vivemos. Seguimos a vida do jeito que ela quer, escrevemos a história da existência repetindo uns aos outros, e assim, a vida, torna-se um bis em um mundo sem criatividade. A morte passa então a ser a conclusão da vida, portanto, não há novidades.
A vida na busca da morte e no meio dessas certezas, nós. Mas não sabemos ainda existir! Inventamos destinos, acasos... tudo para nos consolar, para amenizar o vazio que se tornou a existência. Percebe-se então que o livre-arbítrio é um engodo, uma pilhéria. Retire sua vida e o mundo lhe condenará de antemão. Discursos ecoados para sustentar um pecado inventado por quem quer se aprisionar no próprio mundo.
Existir é repetir a natureza e a sua renovação! Nada está livre da matemática da vida e a fórmula repetida contribui para a perpetuação do fim. Não há alteração e tudo segue para o mesmo desfecho. A criatura eterniza o criador para que ele console o seu fim e perpetue um novo início. Mas, o que a criatura não entendeu é que, se ela matar o seu criador, ela se libertará da vida e do mundo e a morte então passará a ter o destino que melhor lhe convier.
Mário Paternostro