TRAGÉDIAS ANUNCIADAS

Prof. Antônio de Oliveira

antonioliveira2011@live.com

Há imagens fortes que se tornam emblemáticas. Dono de um sítio famoso pelos churrascos com roda de samba oferecidos a convidados, em Xerém, distrito de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, o cantor e compositor carioca Zeca Pagodinho passou o dia 3 de janeiro ajudando os moradores que padeciam com mais uma inundação. É que Zeca Pagodinho se encontrava no sítio desde o réveillon. A bordo de um quadriciclo, ele percorreu várias ruas de Xerém. Zeca também usou o Twitter e o Facebook para pedir socorro e solidariedade a muitas pessoas nesse raio de abrangência virtual. Comentando a situação em Hilarino de Souza, o cantor assim se manifestou, no auge da comoção: “Muitas famílias acabaram. Muita gente pobre, sofredora. Lá só tem um caminho, que está tomado de lixo. É um descaso. Isso dá nojo, nojo dos políticos”.

A palavra nojo significa náusea, enjoo, repulsão; aquilo que provoca asco ou repugnância. Assim, lixo acumulado provoca nojo. Mas, pior que o nojo por lixo acumulado o é pela insensibilidade acumulada da parte de muitos políticos por sua desconsideração, desprezo e desapreço. Às vezes essa indiferença toca as raias do deboche. Que o diga Chico Anysio na pele de Justo Veríssimo. Em rivalidades políticas e contendas entre partidos, manifestadas sobretudo em retaliações intencionais, malévolas, por meio de, concretamente, atos e omissões, quem fica exposto ao desdém é o povo. Ah, o povo! Esse, apenas um detalhe...

Austeridade é virtude pouco encontradiça no nosso meio político. Dir-se-á que o povo também não colabora. Verdade. Mas sabem de uma coisa? Tenho comigo que o prefeito de um município é, pela abrangência de sua responsabilidade em todas as áreas, o maior educador em potencial de sua comunidade. Afinal, tudo desemboca na prestação de serviços urbanos, o que não elimina a responsabilidade dos Estados nem da União.

Todo ano autoridades sobrevoam áreas alagadas.

E renovam suas promessas...