JOÃO DE BARRO
 
                Talvez a pior condição da convivência humana seja aquela em que nós nos colocamos na situação de julgador. Por mais que as regras, leis, convenções ou costumes nos forneçam as bases para uma tomada de decisão no ato de julgar, isto será sempre uma decisão pessoal interpretativa, portanto, subjetiva. A quem afirme que contra fatos não há argumentos. Como não existe uma suposta verdade absoluta, tudo passa a ser relativo. A vida é assim, um campo minado. Uma explosão ali, outra aqui, e desta forma vamos juntando os pedacinhos e recomeçando outra vez. Caco à caco.
                O que devemos estar atentos é a nossa situação de ser um bom ou mal julgador num inevitável momento. Não que sejamos o fiel infalível da balança, mas que possamos perceber que somos seres eternos. Nesta condição de existência, estamos constantemente na busca pelo aperfeiçoamento. Quase sempre erramos mais do que acreditamos acertar. Somos seres que diferentes dos demais deste planeta, têm a dotação da consciência. Isto nos traduz distintos na evolução diária da vida. A milhares de anos o joão de barro constrói sua casa nos mesmos padrões, seguindo o mesmo ritual mecânico, tomando as mesmas decisões de construtor!
                Não façamos de nossas decisões em julgar o outro sem antes mergulharmos dentro de nós mesmos. Façamos à viagem da consciência antes de batermos o martelo movido pela emoção. Não sejamos nem juízes nem muito menos réus. Não julguemos graciosamente. No final, podemos ser o próprio carrasco de nossa sentença. Algozes de nosso destino.
 
 
Ricardo Mascarenhas
Enviado por Ricardo Mascarenhas em 08/01/2013
Reeditado em 30/09/2016
Código do texto: T4073674
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