SOFRIMENTO.
A visão da beleza que cerca a vida quando nela reside a felicidade decorre do amor. O amor em gênero envolve a tudo e a todos. Sem amar o descaminho é certo.
Amar a arte, a beleza, melhor expressão humana em qualquer de suas modalidades, é não só espontaneidade que flui dos dons e da faculdade outorgada pela natureza, mas submissão respeitosa ao que se ama.
O amor que se submete, como fez o Cristo, arrebanha e arrebata multidões. Sentimento, amor, é pura arte. Viver é uma arte,mas dá trabalho, já disse a um amigo, embora fruto de nosso maior bem, a vida. Mas é trabalho altamente compensador impulsionado e movimentado pela maior força que move toda a natureza, o amor.
Vi ontem o martírio pelo qual passou João Paulo II ao final da vida. Em sua última vontade de dizer, falar, pregar a paz, a união, o amor enfim, quando nada mais podia falar. Levado na sacada do Vaticano, tremeu os lábios e chorou, mas já dissera antes, em outra prédica, já consumido pela doença, que as pessoas precisavam ver o Papa sofrer. Que a vida também é sofrimento,
Por amor doava essas forças últimas para entregar-se como fez o Cristo, por amor a todos, da mesma forma que revirou o mundo e tornou-o mais humano.
E viveu João Paulo II, O Grande, sofrendo o sofrimento do mundo e tentando expurgá-lo como conseguiu em bons momentos históricos.
Amava e sofria acima de tudo pela beleza da paz, elevando a força de seu pensamento, mesmo doente, para a difícil harmonia da humanidade, pela qual tanto lutou.
Na história dos martírios, o sofrimento sempre esteve ligado ao amor, amor principalmente pelas causas justas e pelas pessoas.