A noite que o artista não morreu
Por milhares de vezes já dizemos e ouvimos outras pessoas dizerem,”seria cômico se não fosse trágico”. Ou, se alguém me contasse eu não acreditaria! Pois dificilmente alguém daria créditos a fala do artista plástico de grandes obras espalhadas pelo mundo e que também gostar de contar causos, seu nome é Nelson Cesariano Lindo Mar, mas artisticamente assina Lindo Mar. Negro adorador do seu jeito inconfundível com cabelos crespos se desenrolando como molas que circulam em volta da cabeça, usa roupas coloridas e um óculos escuro que já virou seu segundo olho. Nascido em Engenheiro Navarro no Norte de Minas, soube que os rabiscos que fazia era arte aos sete anos de idade quando um chefe de Sessão da Usina em que o pai trabalhava vira o caderno e empolgado mostrou-os a pintora Regina Salberghoni amiga da família. A renomada artista imediatamente se colocou a disposição para ajudar o pequeno talento. Mesmo com muita resistência da mãe o pai a convenceu de que seria o melhor para ele e antes de completar oito anos já estava na capital de Minas Gerais, morando em um apartamento da avenida Afonso Pena esquina com a praça Sete. A pintora que mantinha em seu atelier mais vinte prodígios, tratou de lapidá-lo ensinando técnicas de desenhos de figuras humanas, perpectivas, relevos e uso de diversos materiais como os pasteis secos e a óleo. O carvão que a maioria dos outros da mesma idade já dominava, acabou sendo a referencia no seus trabalhos monocromáticos. Passaram-se dois anos e as mãos geniais de Lindo Mar estavam cada vez mais produtivas, tanto na arte como na escola onde se interessava também pela língua portuguesa, eram elogios e mais elogios que as televisões de Belo Horizonte não cansavam de compará-lo aos grandes mestres como; Alberto da Veiga Guignard, Candido Portinari, Porto Alegre e até o Renascentista Leonardo da Vinci, por causa do seu senso inesgotável de criatividade. E os anos foram se passando, quando Lindo Mar foi aprovado na Escola de Belas Artes seu nome já era reverenciado pelos professores, tamanha fama que os colegas de classe não se atreviam a chamá-lo de você, era senhor como se estivessem diante do próprio Reitor. Nestes dias Regina passava dois anos no exterior por conta do premio do Ministério da Cultura de viagem internacional, ficando os primeiros seis meses em Paris o segundo em Nova Yorque e o restante na Itália entre Roma e Milão. Nelson se aproximou de uma acadêmica do curso de arquitetura e começou a freqüentar lugares que ainda não conhecia, a garota era filha de um ex-Deputado Federal cassado por corrupção e tinha fama de se envolver com pessoas de má índole. A paixão doentia cegou o artista e sua vida começou mudar, a moça freqüentava mais os bares do que as aulas e ele ia junto. Todos o alertavam, inclusive as pessoas que eram clientes dos seus trabalhos primorosos, mas nada adiantava. Até que uma noite de sexta-feira final de período,com as provas para fechamento de notas, Nelson saiu com a namorada e um grupo de afins para festejar o aniversário de um traficante na Pedreira Prado Lopes. No auge da curtição ela fora sorteada para ir para a cama com o dono da festa, uma tradição do meio que ele jamais imaginara. Mas o “Rei” do trafico na área era também temido em toda a Capital e negar o pedido dele principalmente no dia do aniversário era pedir para ser executado, a moça alcoolizada e sob efeito de drogas se sentia importante com aquela convocação era a própria “Bela da Tarde” apesar que era noite. Nelson Lindo Mar também havia usado drogas, havia bebido e não queria aceitar a cessão da mulher, esta que já havia desaparecido no meio das pessoas, que queriam ver o ritual de possessão do chefe. Mas ele gritava por nomes que eram proibidos ali e ameaçou chamar a polícia, nesta hora rajadas de balas foram vazando seu corpo; braços, pernas e órgão internos que lhe fizeram balançar e cair desacordado. Como disse no inicio se não fosse o próprio que hoje mora em Tatuapé –SP, ter contado ninguém acreditaria. Pouco depois de cair a casa fora milagrosamente invadida pela policia que já monitorava o lugar, o levando para o Hospital de Pronto Socorro, segundo o medico lhe informou após a recuperação que fora o susto, as balas miradas no coração passaram raspando em baixo do braço, a que era endereçada a cabeça lhe cortou a orelha mas não chegou onde queriam, nas pernas houveram perfurações maiores no vasto lateral da coxa e nas panturrilhas, mas sem dilacerar os ossos. No mais o Artista Plástico que durante o próximo mês expõe no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, está casado e é pai de dois filhos. Sua esposa é uma das artistas mirins da época em que chegara a Belo Horizonte, Aderlane Maracaibo renomada Escultora de figuras barrocas.