Espedaçado
Todo exagero contamina a alma. A polui. Nos torna mais fracos. Menos interessante. A diversão em exagero, cansa o prazer. O prazer, verdadeiro, advém de algo mais demorado conforme nos fala Freud. Não algo que nunca se alcançará mas algo que não vem de mão beijada. A demora, não pode onerar. E, menos ainda pode exonerar. Ela tem que ser na medida certa. Nem pode ser somente bônus, nem pode ser somente ônus. Tudo na vida parece está ai: como uma criança encima de um banquinho, sendo embalada pelo Papai. Pra lá, e pra cá... Nem pode acertar lá; nem pode ficar quieto aqui. Nem pode achar que vai achar a alma gêmea. Nem pode ficar sem ir atrás dela. A vida não é complexa. A vida é impossível. É nessa impossibilidade que estamos inseridos. Na 'possibilidade', de termos que embalar nossa alma, como num canto gregoriano, que embala nossos ouvidos. Como num cafuné, que ao alisar nosso cabelo, massageia também lá dentro do peito: massageia, aquilo que nasceu quebrado, espedaçado: o coração!