O MAIOR ESCRITOR.

Conhecido como pai da literatura brasileira, sendo a Academia Brasileira sua casa, Machado de Assis tem em Lucia Miguel-Pereira, 1939, seu melhor estudo crítico, mais crítico que biográfico. Esmiuça em sua obra MACHADO DE ASSIS, o perfil machadiano, sic: “Entre o espírito ordeiro, pacato, timorato, do funcionário da Secretaria de Agricultura, do mestre do cenáculo conservador da Garnier, do Presidente da Academia Brasileira de Letras, do pessimista reticente, do cidadão absenteísta, do marido exemplar, e a crueldade as vezes sádica do dissecador de almas e a volúpia mal contida do criador de paixões, e o negativismo quase irritado do romancista interrogando avidamente a vida sem nunca encontrar uma resposta, VAI UM GRANDE ABISMO.” Caixa alta nossa.

E afirma que esse incógnita personagem, só teve um descuido, deixar a porta aberta para conhecê-lo por seus livros. Nessas pegadas entende ser impossível estudar a obra de Machado sem estudar-lhe a vida e entender seu caráter. E o vê como um tímido e um espírito banal, a ponto de não ser possível entendê-lo como criador de Braz Cubas ou a Capitú sem penetrar em sua vida particular.

“Sem poder pretender o título de grande poeta, Machado de Assis foi inegavelmente um poeta”, diz Lúcia. E com sua festejada inteligência remata a crítica: “Poesia é síntese, é emoção integradora, e Machado era analista, era dissecador”. Razão esboçada com indiscutibilidade que atravessa a senda literária brasileira em seus movimentos relativos aos verdadeiros poetas e à poesia.

O Professor Roberto Tolentino, morto em 2006, em uma de suas últimas aulas, deixou certo, dizendo “que se Machado de Assis foi possível, então o Brasil era possível e sugeriu um livro, a biografia do maior autor brasileiro, de autoria de Lúcia de Miguel Pereira.”

Entendia Tolentino que três obras eram importantes maximamente para captar as nuances brasileiras,” Raízes do Brasil”, “Casa Grande e Senzala” e “Machado de Assis” de Lúcia.

E fecha sua obra Lucia, dizendo do crédito de Machado com relação a nossa admiração e à amizade póstuma “que é a suprema recompensa do artista”, no caso, diz a excelência da crítica-biógrafa, “esse mestiço que tanto elevou a sua gente e o seu país”,

É livro de suma importância ler, estou recomendando por ter lido de novo depois de vários anos.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 07/01/2013
Reeditado em 08/01/2013
Código do texto: T4072668
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