Só...

Sentada na solidão da soleira de uma loja qualquer, no centro de uma grande cidade qualquer, lá está ela: suja, gasta, deformada pelo tempo, mas lá está.

Quem poderá penetrar em seu pensamento, em sua alma, em sua vida?

Impenetrável ela se faz no espanto de quem a olha e imagina... Deve ter tido seus dias de glória, ou estarão eles acontecendo agora, apesar de os entendermos como inglórios? Como fora ali parar? Teria tido uma família, um amor, filhos?

Ali está, impenetrável, como uma rainha defendendo sua fortaleza, que se resume em alguns trastes tristemente cavados durante sua longa existência.

Ali está, imperturbável: mãos maltratadas pelo tempo, rosto sulcado pela vida.