A natureza e o Bicho Homem
A Natureza e o Bicho Homem
Nestes nossos tempos a natureza parece que está a exibir-se mais luxuriante, bela, exuberante, como a nos dizer: hei, estou aqui!
Os nasceres do Sol a cada manhã mostram-nos sua face cada vez mais brilhante e atraente, com o seu calor mais marcante, suas facetas multicoloridas renovadas com miríades de raios de cores mais nítidos, tons e semitons mais diversificados. Puro exibicionismo?
O mar, ah o mar! O vai e vem de suas azuladas e espumantes ondas a se quebrarem em festa nas brancas areias das praias. O seu murmúrio transportado no espaço, pelo fresco e alcalino vento, e a nos acariciar de sons nossos ouvidos e a salgar nossas peles e cabelos, querendo reafirmar sua grandeza... Sua imensidão?
O céu, sempre presente a se nos apresentar pelas manhãs e durante os dias primaveris, sua imperial e azulada tonalidade e nas noites quentes de verão, sua aveludada negritude como fundo a acolher na moldura o brilho eterno e cintilante da estrelas, astros, galáxias cada vez mais numerosos... A Lua... Os luares...
Os ventos, a brisa... D’onde vêm e para onde vão? Revoltosos, catastróficos, suaves, mansos... Trazem-nos mudos ou uivantes... A certeza da vida.
Rios, riachos, córregos, igarapés... Águas! “Olhos d’água”, nascentes, corredeiras, cachoeira, saltos, quedas... Águas que transformam em grinaldas de tule e formam cascatas, que se transformam em milhares de gotas peroladas a cintilarem nos colares que enfeitam as rochas que as sustentam e também dão vida às matas... Também abundante e prosaicamente saciam a nossa sede.
Selvas, matas, cerrados, caatingas, restingas... Lagos, águas...Que frescas, trazem-nos a certeza da vida.
Animais, vertebrados, invertebrados – domésticos e/ou selvagens -, feras de toda espécie ou natureza; pássaros, dóceis como os pombos - de toda espécie e/ou natureza... Belos?
No uivar, no mugir, no cantar, no sibilar, no miar, no cacarejar, no assoviar... Tantos! Trazem-nos seus linguajares peculiares, nos seus cânticos silvestres e/ou selvagens a... Certeza da vida.
Homens... “Homo Sapiens”! Oh bichos insanos! O que fazemos?
Primazia da Criação, racionais, belos! Puros à semelhança do Criador. Santos?
Superiores às divindades...
Matam seus iguais... Violentam seus inocentes... Eliminam seus embriões.
Por que poupar o seu único habitat? Onde Vivem bilhões de iguais (?)...
Empurra, afasta, acotovela-se, cria espaço... Devasta e devassa!
Alimenta-se! Gira em ciranda louca, retorna e deserto vê. Ilude-se! Derruba, serra, queima, fere, rasga, esmaga... Esgarça!
Come! Agride, emporcalha, empanturra-se, vomita, desperdiça... Suja-se!
Vida que se encerra.
Ao exibir-se agredida, ferida, chagada à prostração, coisas que acontecem desde a Criação, a natureza, qual mãe amorosa, mesmo sofrendo, se oferece, imola-se...
Morre! Mas o seu amor deixa-nos um legado de esperança, a sensação da imortalidade da vida.
Somos incompatíveis com a natureza?
BNendú 02/08/2010 Revisado em 06/01/2013