CHUVA OU SECA.

Da mesma forma que se sabe que haverá no Nordeste, por ser região semiárida, vários meses sem chuvas, também é sabido que no Sudeste o verão trará chuvas torrenciais.

Trata-se de dois fenômenos climáticos normais, corriqueiros, conhecidos, previsíveis, mas que sempre geram legiões de flagelados.

Essas catástrofes poderiam ser evitadas se o poder público exercesse o seu papel, implementando as ações sobejamente conhecidas a fim de livrar as populações humanas que, por ignorância ou conveniência, se instalam em áreas de risco.

Construções irregulares em encostas de morros desmatados ou em calhas de cursos d’água, que não deveriam existir se houvesse plano diretor para ocupação do solo, são fatalmente atingidas nas ocorrências das precipitações pluviométricas acima das médias históricas que ocorrem com intervalos mais ou menos regulares.

No Sudeste, todo mundo sabe que a cada dois ou três anos haverá chuvas acima da média e no Nordeste, as secas de grandes proporções ocorrem a cada cinco anos e podem se prolongar por vários anos.

Quando o caos se instala são colocadas em prática as ações emergenciais das chamadas “defesa civil”, verbas de contingência, vacinações para população por grupo de risco, há sobrevoo de helicóptero das “autoridades” como prefeitos, governadores, ministros, todos representando a farsa da preocupação com o bem estar da população.

O passo seguinte é a decretação de estado de calamidade pública, que é o pulo do gato da historinha infantil da onça e o gato.

Com esse decreto, o poder público fica isento de fazer concorrência para as compras dos materiais para socorro das vítimas.

E haja superfaturamento e toda sorte de falcatruas nossas bem conhecidas.

Colchões, cobertores, cestas básicas, reconstruções de pontes, restauração de ruas e avenidas etc. para o Sudeste.

No semiárido dá-se a mesma coisa, mas em vez dos cobertores, entram em cena os carros pipa e as cisternas de péssima qualidade.

Desde a grande seca de 1877, quando o Imperador D. Pedro II ameaçou vender as joias da coroa para comprar alimentos para os flagelados da seca, que se fala na transposição do Rio São Francisco para a perenização dos rios no semiárido que inclui os Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e parte da Bahia e Norte de Minas Gerais.

Mas para que essa transposição seja eficiente, há que se “engordar” o Velho Chico, com o reflorestamento da sua bacia, para que os rios tributários que “morreram” quando se tirou a cobertura vegetal, voltem a correr.

No governo do apedeuta inocente, desconhecedor de tudo e sempre apunhalado pelas costas, presidente Lula, finalmente, começaram os trabalhos para que essa transposição seja realidade, mas houve desvio de verbas, rescisão de contratos com empreiteiras que receberam, mas não cumpriram o cronograma e agora estão a exigir correção nos valores acordados, os canos das adutoras estão sendo utilizados pelos plantadores de maconha, não foram adquiridas as bombas elétricas para a captação da água.

Fico imaginando por que não usar bombas eólicas?

Se os holandeses conseguiram secar a Holanda usando os moinhos de vento, por que no Brasil isso não pode dar certo também?

Em 2012 foram usados somente 1% dos valores apropriados para prevenção de catástrofes.

Até quando nós brasileiros vamos aceitar esse estado de coisas?

Até quando iremos assistir a esses espetáculos dantescos?