Plural de um tempo presente

Uma mensagem, dois nomes e uma vida a limpo. O primeiro dia do 13 foi revelador. O desejo no plural e, pronto... O passado bate à porta novamente. Quatro anos em cinco segundos. Cinco segundos, tempo suficiente para colocar em xeque as melhores intenções de mudanças para o ano que começa.

Como manter o otimismo levando um tapa na cara logo ao acordar? Como manter as promessas e cumpri-las se os fantasmas retornam sempre fortes? Eu quis muito ser o objeto supremo do teu desejo de vida a dois, quis ser a mulher certa para o teu torto amor. Por seis meses, dois ou um apenas, dos 18 meses que passamos de toques, olhares, risos, confidências e prazeres.

Fomos íntimos? Talvez. Talvez a culpa tenha sido minha. Talvez eu não tenha sentido a tua intimidade dentro do meu olhar, talvez as defesas do meu ser tenham despertado em ti a frieza do desamparo e, o afastamento, embora estivéssemos com corpos unidos, sempre esteve lá, entre nós.

Causando o conflito entre o querer ficar e o precisar partir. Hoje estou aqui, deparando-me com o mesmo dilema, com a mesma dor, embora menos intensa, menos chorosa, mais distante, porém viva, pulsando, pulsando, pulsando reiteradas vezes o pensamento insano do “Por que não eu?”, por que não sou eu a formar o plural de um desejo, de uma simples frase, de um casal, de uma vida, de um tempo presente.

Quero um dia voltar a este sentimento e vasculhar as entranhas que o alimenta e poder sorrir, aliviada, serena, vitoriosa como uma aprendiz que cumpriu a lição com louvor. Que não se fez plural de um tempo presente, mas que continua única, singular de um mais que perfeito tempo, que se apresenta novamente a cada segundo como resposta às angústias do que foi e do que será.