Mãe da Mãe e Filha da Filha

Minhas mulheres (pegando emprestado de um amigo, que assim se refere à esposa e aos frutos dessa união) são duas: minha mãe e minha filha.

Minha mãe...como descrevê-la? Mulher séria, rígida e extremamente maternal, no sentido pleno da palavra. Preocupa-se deveras com os problemas alheios, ao ponto de, às vezes, ir além da conta para ajudar os que necessitam.

Por causa de seu jeito um tanto autoritário, algumas pessoas não chegam a perceber o tamanho de sua bondade. Eu mesma, às vezes, irrito-me com certas palavras que diz de modo grosseiro e respondo-lhe também grosseiramente. Depois, me arrependo, porque sei que ela não fez por mal e, sei com toda a certeza, que não arranjaria no mundo inteiro mãe melhor do que ela.

Nela, às vezes me espelho para educar minha pequena. Mudo algumas coisas, verdade...os tempos são outros, minha visão de mundo também, mas os valores, os princípios e o afeto são indispensavelmente os mesmos.

Que dizer de minha pequena princesa? Minha filha é uma delícia...tanto, que, às vezes, assim a chamo. Uma delícia de alegria, deu-me sentido à vida...Ri com a alma...sua alma em flor, tão inocente e, ao mesmo tempo, tão sedutora quando deseja algo.

Preenche minha vida de afeto espontâneo e verdadeiro, enche minha alma de alegria e transborda meu eu dos melhores sentimentos de que um ser humano é capaz.

No relógio da vida, vejo os ponteiros avançando, minha mãe envelhecendo e minha filha crescendo....Vejo as duas pontas que unem minha vida, ao mesmo tempo em que me sinto o elo entre as duas.

Outro dia, em meus pensamentos, concluí que tantas vezes sou mãe da minha mãe e filha da minha filha. Parece estranho? Não...é o curso do rio da vida...

Minha mãe, que antes me dava conselhos, ordens e me mostrava caminhos, a quem eu obedecia por medo ou por respeito, hoje ouve e aceita minhas decisões (verdade, que muitas vezes não as aceita). Por vezes, os cuidados que ela tinha comigo quando criança, tenho eu agora com ela. E, quantas vezes já saí em sua defesa (algumas, sem que ela soubesse) do mesmo jeito como ela fazia antes comigo?

Minha filha que, do alto de seus cinco anos, conhece pouco do mundo, às vezes me dá cada lição de vida, que custo a acreditar...Qual a maior lição que aprendi com ela? Não titubeio na resposta. Ensinou-me a amar alguém mais do que a mim mesma de uma forma pura e visceral como só as mães são capazes de amar.

E cá estou eu na vida. Filha e mãe de minha mãe e mãe e filha

de minha filha...

Ane Rose
Enviado por Ane Rose em 05/01/2013
Código do texto: T4069478
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