Seria toda propaganda enganosa ?

Romeu Prisco

A fim de não parecer muito radical, talvez o título desta crônica devesse ser: "Conteria toda propaganda algo de enganoso ?". Antes de entrar no mérito da questão, esclareço que os vocábulos propaganda e publicidade são, aqui, indiferentemente empregados no mesmo sentido, ambos também compreendendo as propriedades dos produtos, mercadorias e serviços, referidas por seus ofertantes.

Isso posto, esclareço que fui levado a escrever este texto, diante de uma publicidade que li no metrô, mais ou menos com os seguintes dizeres: "livre-se do aluguel e more em casa própria a partir de R$195,00 mensais. Entre em contato com..., ou dirija-se a...". Ora, para quem paga, digamos, $400,00 de aluguel por uma casa de dormitório, sala, cozinha e banheiro, o convite, convenhamos, é realmente atraente.

Só que o indigitado convite publicitário não se refere à senhora burocracia que o interessado vai enfrentar, com documentos, formulários, declarações, holerites, comprovantes de renda e, principalmente, não informa a exata localização do imóvel, via de regra, como se diz vulgarmente, onde Judas perdeu as botas. A economia que os interessados fizerem no aluguel, irá, certamente, para as despesas de condução e o tempo perdido nos longos itinerários de ida e volta. Porém, o mais importante, fica por conta da expressão "a partir de", quando o interessado ouvir do corretor que todos os imóveis de $195,00 já foram vendidos.

Todos já devem ter visto, na televisão, alguma propaganda das fabulosas liquidações de veículos novos, promovidas pelas próprias montadoras, a preços arrasadores, com financiamento a perder de vista, juros de pai para filho e, até mesmo, com IPVA e licenciamento pagos. Agora fica a pergunta: alguém já conseguiu ler as "condições" do negócio, exibidas no rodapé do comercial, num "flash" de segundos, com letrinhas miúdas, que mais lembram os contratos de empréstimo do milionário e sovina Tio Patinhas ?

O que dizer, então, de mercadorias, produtos e serviços, cujas propriedades anunciadas por seus ofertantes estão acima da expectativa mais otimista ? É o caso do produto lácteo que acaba de vez com a prisão de ventre, mas que não se vende em farmácia e nem é receitado pelos médicos. É o caso do creme dental "mais usado pelos dentistas de todo o mundo". É o caso do sabonete "mais usado pelas estrelas de Hollywood". É o caso das fórmulas milagrosas para emagrecimento, que só funcionam se o interessado parar de comer. É o caso de massagens "terapêuticas" que eliminam definitivamente quaisquer problemas de coluna, não solucionados pela mais moderna medicina.

Até a auto-propaganda pessoal chega a ser enganosa. É o caso dos candidatos a emprego, que se dizem portadores de todos os requisitos necessários ao preenchimento do cargo e ao perfeito desempenho das respectivas funções. Aliás, neste caso, admita-se, os candidatos precisam usar esse artifício, porque os empregadores sempre esperam contratar um colaborador super qualificado, que trabalhe por dois e ganhe só por si...

De resto, querem saber ? Propaganda por propaganda, publicidade por publicidade, propriedade por propriedade, enganosas, ou não, garanto que as minhas crônicas, escritas com amor e carinho, são as mais lidas pelos meus concorrentes da esfera global !

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