Pequenas Doses

Foi em uma dose de conturbações, onde encontrei teu rosto na multidão, o som da música alta e das vozes sucumbiram ao eco de silêncio, aos poucos fui redescobrindo teu olhar obscuro, porém, sempre acolhedor.

Se as vezes acordo no alto da noite, lembro teus olhos escuros me fitando em silêncio eterno, até me despir de paz, e descobrir meu interior. Tuas palavras mudas me dizem coisas da alma, coisas que só a solidão da tua companhia me traz.

A tua falta me deixa meio viva pelo arder do ar que passa pela minha garganta, e meio morta sem sentir teu doloroso toque.

Tua voz que nunca foi doce me tirava a angústia do peito em um sopro gelado que me fazia queimar em brasas sem transparecer. No meu interior misturo quase sem querer meu ódio e o teu amor, mistura que faz te querer em gotas lúcidas de veneno intenso, a tua falta no presente instante faz a dor me corroer, mas o meu sadomasoquismo não me deixa voltar.

Ágata Siqueira
Enviado por Ágata Siqueira em 04/01/2013
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