PEIXE ESPANADO

Prudencia, limpando a casa toda animada:

- O tico-tico lá, o tico-tico cá, o tico-tico não parava de piar... O tico-tico aqui, o tico-tico ali, o tico-tico não parava de tossir...

Sem que ela perceba, a patroa chegou por detrás, e está tossindo. Prudencia ouve a tosse do “tico-tico”, percebe a patroa e fica sem graça.

- Que negócio é esse, Prudencia?

- desculpe, patroa, é que comigo: Não tem pó!

Patroa verifica alguns móveis.

- Muito bem!.. mas, me diga, você trocou a água do aguário, como eu mandei?

- Claro!... Aliás, claríssimo... Pode ver: água trocada e aguário limpado!

- Verdade! Tá limpinho, mesmo... Ei! Mas cadê os peixinhos que estavam aí dentro?

- Calma, patroa!... Eu vou explicar tudinho, tudinho... A senhora me mandou trocar a água, não foi?

- Pois é, mas...

- Calma!... Pois bem, eu sou uma mulher de bons costumes e boa higiene... E aquele aquário tava muito sujo, mesmo... Parecia que fazia uns meses que não limpavam o bicho!

- Mas...

- Calma, senão a senhora vai ter um troço... Vou explicar! O degramado tava tão sujo que tinha até limo dentro...

- O quê?!

- Era, sim! Tava imundo... Eu olhei os peixes... E eles olharam pra mim e faziam... (imita os peixes) pedindo pelamordedeus pra eu limpar logo o aquário...

- E cadê os meus peixinhos queridos?

- Vou dizer... Pra limpar o aquário eu tinha que tirar os peixes, certo?

- Ce... certo!

- Pois, então... Eu tirei os peixes e limpei o aquário todinho pode ver... Coloquei até água mineral... Mineralíssima!

- Meu deus!

- Ah, aproveitei e joguei fora um monte de tranqueira e brinquedos que seu filho tinha jogado lá dentro...

- O quê?... Birnquedos?!

- Era sim... Tinha um naviozinho, um castelozinho de pedra, umas concha... Um monte de troço. Joguei tudo fora, tava que era só limo!

- Ai, meu deus... Mas e os peixes, onde estão?... Tinha até peixe premiado ali dentro... Onde estão, afinal?

- Ei, quer se acalmar, quando eu faço, eu faço bem feito... Quando eu olhei pra eles e eles me olharam com aquela cara que eu já mostrei (imita, de novo)... Aí, eu olhei, olhei... E vi que os coitadinhos tavam tudo anêmico, tudo pááálido... Então tive uma ideia genial.

- O... O que você fez?

- Ora, o que eu fiz... Coloquei eles tudinho pra tomar um pouquinho de sol, lá na laje!

- (Quase tendo um ataque) Ai, meu deus, você não sabe que peixe não vive fora d’água?

- Não vive??? (brava) Desgraçados!... Então, eles me enganaram...

- O quê, você fez isso com os bichos e ainda diz que eles lhe enganaram...

- Eles me enganaram, sim... Quando eu coloquei eles lá no sol, eles ficaram tudinho pulando de alegria, assim ó...

Desanda a pular, com a “cara de peixe”.