O Louco Volta a Escrever


E o Bush veio mesmo ao Brasil. O que ele quer aqui é uma coisa oficial por fora e íntima por dentro, entre ele e Lula, com Evos e Hugos na pauta do dia. Dizem que movidos a álcool falarão do etanol, o nosso petróleo. Enquanto isso, lá fora, na alameda dos excluídos, muita gente protesta – povinho insensível que não entende a importância do turismo. 

Gosto mesmo é dos bonecos que fazem dos presidentes, sendo que boneco é a gente, que fica aqui, pensando no que ficam tramando “eles” no acolá.

Mas conta aí, o que é mesmo que o Bush vem cheirar aqui? Seria melhor se tivesse vindo para o desfile da Sapucaí, a tempo de seguir o rastro do menino João, que a gente já vai esquecendo, assim como o aniversário da namorada...

Nunca entendi aqueles jovens que lançavam tomates na cara dos políticos, ou torta, ou ovos - por que jogar comida? Não seria melhor lançar uma coisa mais execrável? Nem mesmo os socialistas querem se sujar. Como é que uma revolução de verdade poderia dar certo na mão dessa gente? Talvez seja zelo excessivo pela higiene. Uma esquerda deve ser limpa até nos protestos – lição nunca aprendida quando chegam ao poder.

Deu-me, um velho parente defensor das ditas linhas duras, a forma de acabar com um comunista, socialista ou anarquista: coloque-o em um cargo remunerado, com um bom terno, secretária e sala acarpetada – assim toda revolução vai para o espaço. Esse tal de ser humano...

Mas o que importa é que aí vem o Pan, que custou 10 vezes mais, sempre assim – medalha custa caro. Lembro-me da infância, torcendo nas Olimpíadas pelos brasileiros. No início das corridas lideravam as provas até que havia uma curva no meio do caminho, sempre ela a nos atrapalhar e o “brazuca” caía para o segundo, o terceiro, o quarto... e lá vem ele entre o quinto e o oitavo lugares. Apesar das honrosas e suadas medalhas que teimavam em aparecer aqui e ali; desde cedo desconfiei que o arroz com feijão não dava muita “substância”. Tudo bem, alardeia aquele brilhante comercial.

Na época do Pan os traficantes vão parar de traficar?

Fiquei sabendo da idéia de um “trem-bala”, à prova de balas, entre o Rio e SP. Se o Pan custou 10 vezes mais, quanto custará a linha direta entre as metrópoles das balas “tracejantes”? Melhor nem pensar. E se tiver uma vaca na linha ou um boi dormindo? Vai dar tempo da bala parar? No Brasil certas coisas são de matar.

A China tremeu e a bolsa do Brasil despencou. Feliz é o pobre que agora terá menor rendimento na Poupança. Tudo bem, diz a moça do comercial que não sai da minha cabeça – vou acabar comprando aquele carro. Os pobres ficam mais pobres e os ricos mais espertos. Dizem que com isso a casa própria fica mais barata, para quem sobreviver e conseguir preencher o cadastro do Banco e juntar toda a documentação. Depois fica fácil: é só pagar, pagar e pagar.


Fui, mais uma semana vira a esquina e preciso comprar um novo filtro solar, pois o sol está de matar, e com câncer de pele não se brinca. Aliás, amanhã é dia de praia, fim-de-semana de alegria, de futebol e cerveja gelada. O resto a gente esquece - como era mesmo o nome daquele menino?