VAGUEANDO NAS PALAVRAS
Não quero filosofar sobre a vida, muito menos fazer citações burlescas dos nossos dramalhões. Não sei, se vale a pena exorcizar os melefícios da carranca humana, que pragueja nos matutinos, sob as ancas do “quanto mais quente melhor” ou o sorriso mesquinho da social malandragem do “quero ver o circo pegar fogo”. Cada tijolo despencado é um ponto ganho, lapidado do bolso amortizado dos contracheques. Cada manhã perdida é também hospedeira de empreiteiros levianos programdos - peles de serpentes, cuja metamorfose não fluiu no tempo. – identidade desfigurada. É a lama, é a lama... não a lama que cura, mas... a que apascenta os porcos nos chiqueiros a vaguear nas palavras – morbidez da esperança congelada... a que há muito, era ambicionada, mas não azeitada.
- Montanha de lama,expoente de escamas podres da mortandade- fonte de perversão. Aí, surge o“decoro”, palavra nobre, honrada, digna, escondendo o passado, laureando o presente postergado. Palavra desacatada, jogada aos leões da Receita ofegante, qual nave à deriva, insônia dos mandarins inconfidentes –loucos terapêuticos – dragões subservientes, nada condizentes com a palavra em desalinho – pose enxovalhada aos olhos de todos. Posso estar embaralhando alguma coisa, mas ao que me refiro, todos entendem e podem meditar sobre meu senso obscuro. Ode à volta da mansidão, calmaria, candura, virgindade da palavra “decoro” ora, empertigada – ato de ser-gente. Também clama por socorro a palavra “honestidade”- íntegro, probo, decente. Honestidade é uma postura. O ato de ser honesto, não comporta aclamação; é uma obrigação de cada ser pensante, que em dado momento se perde convergir para o egoísmo.