2013 - MUDANDO DE CASA
O contrato de locação terminou. Hora de entregar a casa. Mãos à obra! Esvaziar armários, limpar gavetas, tirar a poeira dos móveis, encaixotar utensílios. Nem tudo jogar fora, porque nem tudo é descartável. Sentei-me à porta de 2012 pensando em tudo o que iria deixar para trás, porque para trás já estavam, uma vez que os fatos vêm e se vão. Aquilo que vivi, passado era. Posso escolher o que levar na mala. Se levo ou deixo as mágoas, as amarguras, a dor, depende em parte de mim; a outra parte posso jogar no tempo, que o tempo ainda é o remédio que tudo cura. As alegrias e conquistas, poucas ou não, não importa, essas eu carrego na valise do coração para, como uma brisa morna, aquecerem minha alma quando a tormenta rondar minha nova morada. Levo os amores infinitos que meu espírito reconhece como espíritos irmãos e, porque infinitos, irão comigo onde eu for, pois são eternos. Farão sempre parte das casas que eu habitar.
Pisei a soleira de 2013 trazendo um pouco da incerteza que o desconhecido sempre trás mas a bandeira da esperança depositei na janela, que esta não pode morrer jamais. Na casa nova, enfim, estamos todos nós! E como nada muda num passe de mágica, vamos desfazendo, aos poucos, a bagagem. Os foguetes e luzes que receberam o novo ano, silenciaram. Os compromissos com a vida continuam conosco e cabe a nós, com responsabilidade, desfolhar cada dia do novo calendário como se desfolha uma rosa. Com a certeza que espinhos e perfumes haverão. Porque as rosas não falam e se os espinhos da roseira nos machucam as mãos, por outro lado sempre haverá perfume nas mãos que carregam rosas.