TRÂNSITO TRAVADO

E deu um nó no trânsito de São Paulo outra vez.

É sempre assim, em qualquer época do ano, em qualquer dia do mês e em todas as horas do dia, o trânsito trava, todos reclamam, mas acham normal e ninguém toma as providências necessárias para a solução do problema.

O governo federal reduziu o IPI sobre veículos novos, as fábricas trabalharam a todo vapor, as financeiras abriram as burras de dinheiro e, levadas pelo impulso e pela necessidade duvidosa, as pessoas foram às compras.

“Nunca nesse país se venderam tantos carros em tão pouco tempo”.

Mas esqueceram de criar os mecanismos para retirar de circulação aquelas tranqueiras sem condições de uso e a frota que deveria ser renovada, simplesmente, cresceu e aumentou a confusão no já caótico trânsito da região metropolitana.

Nosso serviço de transporte público é deficitário em todos os sentidos e também por isso os veículos particulares são cada vez mais utilizados por motoristas, cada vez mais, incapazes.

Essa mistura infernal associada ao número crescente da população faz com que o paulistano perca em média quatro horas por dia preso no trânsito.

As pessoas são muito lentas para subir e descer dos coletivos e isso poderia ser amenizado se todas as passagens fossem vendidas antecipadamente.

Eu não sou engenheiro de tráfego, mas nesses cinquenta anos de habilitado (poxa! Minha carteira de motorista já tem meio século...), deu para entender que há fluidez no trânsito quando não tem cruzamentos;

quando as ruas são de mão única;

quando há pistas exclusivas para coletivos;

quando há passarelas para os pedestres;

quando se aumenta a velocidade;

quando há fiscalização eficiente (daquelas que prendem o infrator, rebocam o veículo e aplicam multas pesadas)

e quando os motoristas têm habilidade para evitar os engarrafamentos.

Mas as pessoas perderam a capacidade de se indignar e aceitam tudo com a maior serenidade, principalmente porque desconhecem os seus direitos.