Crônica de 2 de janeiro
Dissolve-se no ar o último toque da bateria, escurece o brilho inexistente dos fogos de artifício, apagam-se as luzes do palco, ouvem-se ainda o espocar de alguns rojões ao longe, cada vez mais espaçados. O público cansado ainda grita roucos “Feliz Ano Novo”, vão se despedindo dos amigos e voltando aos seus velhos lares. As ruas tornam-se solitárias e silentes.
Chega o tão intensamente esperado ano novo. É o dia da Confraternização Universal. Alguém se lembra de confraternizar? A festa já acabou. Comem-se, em família, as sobras da ceia de véspera. Sabe-se quando essa família se reunirá novamente? Quem sabe se num casamento, numa comemoração de bodas de prata, ou num velório... O futuro, como sempre, a grande incógnita. Mas às vezes tão previsível!
Os problemas não resolvidos pelo Velho passam para o Novo. Será que não deu tempo, serão 365 dias pouco para o mandato do ano? Os velhos problemas persistem, basta ligar a televisão para constatar: a briga entre israelenses e palestinos, a crise energética, a corrupção. Continuam o perigo atômico, a fome, as desigualdades, a devastação do Planeta, o consumismo acelerado acelerando a devastação, o aquecimento global, a extinção das espécies... Enchentes, desabamentos mortes coletivas, furacões espetaculares, terremotos, violência, insegurança.
Para a mudança do calendário gastam-se milhões, bilhões em festas e presentes, desejam-se infinitos “Feliz Ano Novo com muita Paz, Amor, Felicidade, Dinheiro, que todos os seus sonhos se realizem...” Luzes, muitas luzes para clarear a chegada do nascituro, tudo num frenesi somente igualado em época de Copa do Mundo de futebol.
Fazem-se sorteios multimilionários de loterias, alimentadas pela sede de riqueza fácil e pela crença de que ela traga felicidade!
O que não se percebe é que não adianta mudar o calendário, não adianta continuar com o mesmo desgastado espetáculo, ano após ano, pois o sonho de poucas horas logo será substituído pela realidade dos 364 dias seguintes.
Há que se mudar o roteiro, talvez os atores, o figurino, a direção, a música.
Há que se fazer uma grande festa para celebrar o que tenha sido feito de bom no Velho, e promessas sinceras de implementar verdadeiras mudanças que realmente proporcionem a tão almejada paz, amor, felicidade, dinheiro suficiente para todos, não só para minorias.
Há que se mudar a mentalidade, há que se abrir consciências e corações face aos problemas do mundo, do país, da cidade, do vizinho. Não se pode esperar que mudanças miraculosas vertam do céu ao apagar do espetáculo pirotécnico. Cada um deve fazer parte da mudança. Mudanças ocorrem no dia a dia, têm que ser bem sedimentadas, primeiro as básicas, depois as complementares.
Por que em vez de desejar: Feliz Ano Novo, não se deseja mensalmente “Feliz Mês Novo”? E depois: “Feliz Dia Novo” a cada amanhecer?
Por que, ao deixar de ser novo, o ano não consegue manter o clima efusivo de esperança e votos trocados de paz, tão desejados durante a “virada”?
Dissolve-se no ar o último toque da bateria, escurece o brilho inexistente dos fogos de artifício, apagam-se as luzes do palco, ouvem-se ainda o espocar de alguns rojões ao longe, cada vez mais espaçados. O público cansado ainda grita roucos “Feliz Ano Novo”, vão se despedindo dos amigos e voltando aos seus velhos lares. As ruas tornam-se solitárias e silentes.
Chega o tão intensamente esperado ano novo. É o dia da Confraternização Universal. Alguém se lembra de confraternizar? A festa já acabou. Comem-se, em família, as sobras da ceia de véspera. Sabe-se quando essa família se reunirá novamente? Quem sabe se num casamento, numa comemoração de bodas de prata, ou num velório... O futuro, como sempre, a grande incógnita. Mas às vezes tão previsível!
Os problemas não resolvidos pelo Velho passam para o Novo. Será que não deu tempo, serão 365 dias pouco para o mandato do ano? Os velhos problemas persistem, basta ligar a televisão para constatar: a briga entre israelenses e palestinos, a crise energética, a corrupção. Continuam o perigo atômico, a fome, as desigualdades, a devastação do Planeta, o consumismo acelerado acelerando a devastação, o aquecimento global, a extinção das espécies... Enchentes, desabamentos mortes coletivas, furacões espetaculares, terremotos, violência, insegurança.
Para a mudança do calendário gastam-se milhões, bilhões em festas e presentes, desejam-se infinitos “Feliz Ano Novo com muita Paz, Amor, Felicidade, Dinheiro, que todos os seus sonhos se realizem...” Luzes, muitas luzes para clarear a chegada do nascituro, tudo num frenesi somente igualado em época de Copa do Mundo de futebol.
Fazem-se sorteios multimilionários de loterias, alimentadas pela sede de riqueza fácil e pela crença de que ela traga felicidade!
O que não se percebe é que não adianta mudar o calendário, não adianta continuar com o mesmo desgastado espetáculo, ano após ano, pois o sonho de poucas horas logo será substituído pela realidade dos 364 dias seguintes.
Há que se mudar o roteiro, talvez os atores, o figurino, a direção, a música.
Há que se fazer uma grande festa para celebrar o que tenha sido feito de bom no Velho, e promessas sinceras de implementar verdadeiras mudanças que realmente proporcionem a tão almejada paz, amor, felicidade, dinheiro suficiente para todos, não só para minorias.
Há que se mudar a mentalidade, há que se abrir consciências e corações face aos problemas do mundo, do país, da cidade, do vizinho. Não se pode esperar que mudanças miraculosas vertam do céu ao apagar do espetáculo pirotécnico. Cada um deve fazer parte da mudança. Mudanças ocorrem no dia a dia, têm que ser bem sedimentadas, primeiro as básicas, depois as complementares.
Por que em vez de desejar: Feliz Ano Novo, não se deseja mensalmente “Feliz Mês Novo”? E depois: “Feliz Dia Novo” a cada amanhecer?
Por que, ao deixar de ser novo, o ano não consegue manter o clima efusivo de esperança e votos trocados de paz, tão desejados durante a “virada”?