ESCADA PARA O CÉU
Perdida em devaneios
encontrei uma longa estrada, na qual segui.
Caminhei. Caminhei. Tanto caminhei
que me perdi no silêncio daquela estrada.
Olhando em volta, nada mais havia
senão aquele caminho.
Fiquei imaginando aonde me levaria
e segui em frente.
Longe, bem longe, quando o cansaço
já existia em mim, vi a escada.
Milhares de degraus. Seu topo desaparecendo
na imensidão dos céus.
Bem devagar comecei a subi-la.
Pensei nos bens materiais que ficaram para trás.
Lembrei-me das coisas boas que não fiz.
Dos momentos de felicidade
que tristemente não soube desfrutar.
Era difícil a subida. A cada degrau, um obstáculo.
Subia um, descia três. Mas fui em frente.
Lembrei-me de pessoas que cercaram minha vida
do bem e atá do mal e chorei.
Chorei porque não havia volta.
O que estava feito era definitivo
e tarde demais para apagar.
Quanto mais subia, mais vislumbrava
o que me impediu de viver esse tempo todo.
O pouco valor que dei
às pequenas coisas do dia a dia
e que somadas formariam infinitamente,
a grande essência do existir.
O que perdi com o fútil.
O quanto deixei de aprender por idéias irredutíveis
nada enxergando além...
Pobre de mim!
Que grande ironia a escada!
Ou meleva, ou me trás de volta
para um mundo vazio,
que precisa ser modificado...
ou ele ou eu.
Assim pensando, acordei do devaneio
e retornei ao mundo.
Ao mesmo mundo de sempre!