O que o dinheiro não compra
A sentença do processado foi dada, a culpa atribuída, o ônus determinado.
Pelo falecimento, o acusado, culpado, pagará com prestação de serviços comunitários, interdição temporária de direitos e indenização aos familiares.
O que nós, familiares, faremos? Comprar uma nova criança? Ou alugar uma? Tentar modelar uma nova com cédulas de dez? Certamente não será terapia para o resto de nossas vidas, pois o dinheiro não cobre esse gasto, muito menos para toda uma família. E mesmo que cobrisse, nem isso reporia a vida perdida.
Perdeu-se uma vida, um mundo, um futuro, um nome, uma promessa.
Que vida pode ser precificada? Nem tudo pode ser atribuível a valores! A coisa feita não pode ser desfeita! Justiça? Ilusão! A intenção é boa, o resultado não. Não, nesse caso.
Não dou a mínima! Não vou doar o dinheiro. Não quero. Do que adianta?
Só me resta tentar esquecer o inesquecível. E a única forma que conheço para chegar mais perto de conseguir isso está em um bar:
- Garçom, uma gelada!
A sentença dos familiares foi dada, a culpa atribuída, o ônus determinado.
Pelo falecimento, a família pagará com um alcoolismo, um divórcio, quatro casos de depressão, e uma diabetes... por ora. E depois?! Quem se importa?!