Saudades...
Saudade! Quem nunca sentiu saudades viveu na sombra, não conheceu o brilho que tem na luz e o que há de mistério no escuro. Saudade é fantasiar o futuro com flashbacks, é trazer para o presente os sonhos do futuro, é lembrar daquela pausa, do prazer do silêncio dividido depois do beijo, do olhar fixo antes de ir. Saudade é sentimento abstrato, é a exceção à regra, é a vontade que faz correr riscos.
Saudade pesa na alma, dói no peito e incomoda o choro na garganta. Saudade está naquela música que traz reflexão para qualquer despedida, está na palavra não dita, no último apelo e no tempo entre os entrelaços das mãos. Saudade é mudar o caminho, sair de fininho. Saudade é o gosto de repetir, de voltar no tempo, de fazer tudo de novo.
Saudade é insônia, é sentir a ausência do outro numa noite de sono sozinho, é encarar fraquezas, saudade é não voltar atrás. Saudade é gostar do velho, temer o novo e apostar na sorte. Saudade é querer a rotina, o prazer desapercebido. Saudade é perder a sanidade, é querer preencher todos os espaços de tempo junto do outro, é delimitar seu próprio tempo e perder as horas.
Saudade é excesso de intimidade, é o toque incomparável, é o banho prolongado. Saudade é a vontade que fica lá atrás, é anseio oculto e desejo reprimido. Saudade é sentimento que ecoa no ponteiro do relógio, que marca hora e esbarra no tempo do semáforo, no horário comercial. Saudade é o tempo ao contrário, é a cortina fechada, a porta encostada e a janela meio aberta.
Mas saudade colori, é livre de vírgulas, porém, mas, quem sabe...Saudade é o prazer literal de viver emoções, de lembrar do passado com vontade de viver dias mais intensos, mais sorrisos, mais entregas, mais amores, mais mistérios. Saudade é perder a pose para ganhar recordações, ter decepções para ganhar cuidado, ter amores para ganhar histórias. Saudades são inspirações para ganhar novos roteiros para a vida.