Feliz qualquer ano e feliz qualquer dia!

Feliz qualquer ano e feliz qualquer dia!

Estou de volta. Com minha caneta em riste e uma ideia na cabeça. Já fui poeta, hoje, sou nervoso, com palavras que mais parecem palavrões. Tudo para que eu seja forçadamente lido. Estou com mais sede de falar sobre tudo e, sobretudo, estou atirando a esmo, talvez, acerte o que eu nem mesmo vi.

Para quem pensa que estarei mais plácido nesse novo ano, esqueça! Eu estou na minha melhor forma física, preparado para os embates, debates e conflitos que surgirão.

Voltei! Estou rindo, não porque estou feliz (também tem a protusão), simplesmente, estou mais irônico. Voltei! Estou mais impaciente, mais ansioso e com mais vontade de pisar em pescoços que ficam sempre estirados, com vontade de serem esmagados. Voltei! Voltei e depois desse hiato, desse intervalo, dessas férias, estou renovado, mais másculo nas minhas opiniões e mais ferino. Voltei! Não quiseram abrir as portas, mas, mesmo assim, eu arrombei e entrei esmurrando, mostrando a firmeza da escrita e a força que tem a palavra.

Hoje, não quero escrever com pureza, antes, quero o putrefato, quero o escatológico e tudo que for podre; tudo caberá nessa minha primeira crônica do ano. Chega de eufemismos e de dourar pílula, quero a coisa como é a coisa e não importa sua face esdrúxula. Para aqueles que me amam, eu mando um beijo e para os que me odeiam, um peido. Sintam, então, o meu afago e o meu ódio e comam, até regurgitar, a palavra de quem não quer ser domesticado por regras e leis que beneficiam apenas uma parca parcela da sociedade. Serei osso duro de roer, carne de pescoço e quem quiser que me vomite.

Mas, talvez, eu não seja tão rebelde assim. Eu falei talvez. Mas, é que, às vezes, a situação pede mais força bruta, mais embate corporal e, até o Poeta perde a estribeira e manda tudo para aquele lugar. Afinal, não sou só coração. Estou começando o ano escrevendo a revolta de tudo, pois a vida não muda a partir de uma contagem regressiva. Tolos comemoram, ignaros aplaudem e eu vaio.

Feliz qualquer ano e feliz qualquer dia e, por isso, não determinem a hora da mudança.

Mário Paternostro