Não digo adeus; digo até amanhã!
Não digo adeus; digo até amanhã!
O tempo ameniza tudo e, certamente, fará de nós apenas um caminho vazio. Vamos nos perder na estrada da vida e, quando percebermos, estaremos muito distantes. Aí, minha cara, seremos novamente desconhecidos, estranhos um para o outro. As minhas manias e defeitos serão novamente novidades e até mesmo os beijos serão novos, isto é, se, um dia, a vida nos colocar frente a frente e, novamente, a gente se arriscar no que ficou para trás. Você pode até apostar que sim, eu juro que não! Não, porque eu me perco todo dia pelo mundo e você tenta se encontrar sempre, e é nessa balburdia de desencontros que vamos nos perder.
Talvez, com o tempo, o meu cabelo embranqueça, se não caírem, mas creio que não! Só ele mesmo para entender os sonhos que povoam a minha cabeça! Talvez, fique gordo ou magro, rabugento ou pândego, sisudo ou descarado e você vire uma senhora, mal amada e casmurra, com um marido pragmático, rico, porém, pobre de versos. Talvez, a vida lhe ofereça sonhos palpáveis, mas, lhe furte o susto e o friozinho do encontro com a poesia.
Os filhos irão lhe chamar de mãe e você vai procurar educá-los com paciência. Eu terei (já tenho) milhões de filhos, mas nenhum se tornará doutor - título desnecessário ( também, "não quero deixar o nosso legado de miséria"). Você sonhará em formá-los e eu darei os meus para o mundo. A diferença, talvez, tenha nos completado e também nos separado! Sou vagabundo em “caps look” e você comedida em diminutivo; canto a vida e brinco no mundo e você leva tudo sério demais .
Minha cara, o amor é um bicho estranho - "obscura trama"; é para louco e poucos! Acomode-se e viva sonhando o resto da vida com ele ou se entregue e sinta a sua força inefável. Um dia, você irá entender que para viver o amor, é preciso morrer de amor! Nunca digo adeus, porque a vida é que fará isso por nós.
A vida e o tempo nos levam por caminhos que, muitas vezes, não permitem o reencontro. Então, minha cara, conforme-se com o palpável e deixe o onírico comigo, pois sei que é muito pesado carregar, nos ombros, esse fardo. Fardo, não, pois vivo entre o sonho e a loucura, enquanto você vive, plenamente, a lucidez. O fardo, para mim, talvez, seja a lucidez inventada! Não digo adeus; digo até amanhã!
Mário Paternostro