Assim é o Poeta

Assim é o Poeta

Dizem que todo poeta é triste, eu digo que não! Eu, por exemplo, não sou, apenas não tenho alegria. Acho que em toda minha vida eu nunca gargalhei, nem mesmo quando na TV ainda passava “Os trapalhões”. Eu sorria sempre, mas não era de felicidade! Meu sorriso sempre foi banhado por lágrimas.

Eu tenho um mundo vasto dentro de mim, mas que não consegue sair e se expandir além. Quanta saudade tenho da primeira rosa que ofertei à primeira namorada, que não sabia que me namorava e não agradeceu a tal oferta. Mas, a minha parte eu fiz e dane-se se voltei com a rosa para casa! Aquela rosa perfuma até hoje a minha vida. E a carta de amor que escrevi roubando versos de outros poetas e que terminavam em rimas que nunca iam além de amor e dor. Como eu era lindamente ridículo! Hoje, nem ridículo consigo ser, desaprendi a usar a minha pureza e aprendi a consertar os rascunhos instintivos para reescrevê-los de um jeito que os dicionários gostem.

Como era dolorido receber um “não” de uma menina, porém muitos versos foram compostos nessa hora. Nada então foi e nem será em vão! Hoje tenho simplesmente a tristeza, uma tristeza que preenche o meu vazio.

Estou aprisionado em mim mesmo, preso em um mundo que não há espaço para o meu mundo. Um sonhador num mundo real e agora em 3D. É muita realidade para quem quer viver o onírico. Falando em viver, jamais consegui ter uma caderneta de poupança, juntar dinheiro pra mim é tão difícil quanto ganhar. Poeta não vive de versos, poeta os dá de graça! A solução, talvez, seja a despedida, mas e a coragem? Estou preso ao tempo que me foi determinado e a tristeza que carrego como uma cruz feito um Messias.

Resta-me agora somente a conformação e suportar nos ombros o peso do mundo. Resignação, poeta, resignação! Aceite o karma e viva até sua última estrofe e se você não se acha triste, aceite também a sua não alegria. Eta, porra! O calendário pra mim parece milenar, não chega ao fim nunca. Oh, ansiedade pela partida!

Mário Paternostro