Na ilha do Teólogo
Vou aproveitar a Quaresma para dizer que também estive em Patmos. E Patmos lembra o Evangelista João. Pelos gregos ortodoxos ele é chamado de O Teólogo; pelos católicos ele é chamado de o Apóstolo do Amor.
Atento aos títulos que lhe são atribuídos, poderia ter escolhido São João como o meu Evangelista predileto. Fortes argumentos, entretanto, fizeram-me optar por Lucas, o autor do Terceiro Evangelho.
No Evangelho lucano estão dezesseis das "mais belas parábolas saídas dos lábios de Jesus; entre outras, a do Bom Samaritano e a do Filho pródigo.
No Terceiro Evangelho, dois episódios me encantam: a Encarnação do Verbo e a Anunciação, com a Virgem afirmando: Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra"; ou como aprendi no Seminário - Ecce ancilla Domini, Fiat mihi secundum verbum tuum.
Há ainda outras coisas interessantes na vida de Lucas, que me chamam a atenção. Sou um admirador dos santos ícones da Igreja Ortodoxa. E São Lucas, segundo a tradição, fora um exímio iconógrafo. Dos seus pinceis teriam saído os ícones que melhor reproduzem o rosto da Virgem Maria.
Fica o grego Lucas, médico, iconógrafo, padroeiro dos pintores, para outra crônica. Agora é a vez de João.
Fã de Lucas, mas nunca deixei de ler o Evangelho de João. Por causa desse meu contato com seus escritos, emocionei-me quando, visitando a Grécia, pisei no chão de Patmos. Nessa mística ilha do Egeu, São João teria escrito o Apocalipse.
Teria? Por que teria?
Fui informado de que ele não escrevera o Apocalipse e sim Prócoros, seu discípulo dileto. Ele apenas ditara o texto. É um assunto polêmico, comentado, examinado e estudado em toda a Grécia.
Os guias helênicos contam essa história aos peregrinos que, todos os dias, aos milhares, visitam a Gruta da Trindade. Muitos, ao ouvirem essa versão, mostram-se perplexos.
Aos turistas, porém, pareceu-me não interessar se foi João ou Prócoros o verdadeiro redator do Apocalipse. Todos queriam mesmo era conhecer a Gruta Sagrada.
No teto da Gruta, abre-se uma fenda. Por ela - é o que se diz por lá -, Deus teria enviado uma mensagem, captada por João. O Evangelista a confiara a Prócoros, incumbindo-lhe de redigir o que veio a ser o Apocalipse.
Meu navio deixou Patmos, lentamente. Só abandonei o convés, depois que vi desaparecer, na linha do horizonte, a última janelinha da Guta da Trindade.
Despedi-me da ilha joanina repetindo, quase em voz alta, este versículo da Bíblia: "Mandatum novo do vobis: ut diligatis invicem, sicut dilexi vos - Vos dou um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei". É o chamado, pela Igreja, de o Grande Mandamento, somente encontrado no Evangelho de João, O Teólogo.
Vou aproveitar a Quaresma para dizer que também estive em Patmos. E Patmos lembra o Evangelista João. Pelos gregos ortodoxos ele é chamado de O Teólogo; pelos católicos ele é chamado de o Apóstolo do Amor.
Atento aos títulos que lhe são atribuídos, poderia ter escolhido São João como o meu Evangelista predileto. Fortes argumentos, entretanto, fizeram-me optar por Lucas, o autor do Terceiro Evangelho.
No Evangelho lucano estão dezesseis das "mais belas parábolas saídas dos lábios de Jesus; entre outras, a do Bom Samaritano e a do Filho pródigo.
No Terceiro Evangelho, dois episódios me encantam: a Encarnação do Verbo e a Anunciação, com a Virgem afirmando: Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra"; ou como aprendi no Seminário - Ecce ancilla Domini, Fiat mihi secundum verbum tuum.
Há ainda outras coisas interessantes na vida de Lucas, que me chamam a atenção. Sou um admirador dos santos ícones da Igreja Ortodoxa. E São Lucas, segundo a tradição, fora um exímio iconógrafo. Dos seus pinceis teriam saído os ícones que melhor reproduzem o rosto da Virgem Maria.
Fica o grego Lucas, médico, iconógrafo, padroeiro dos pintores, para outra crônica. Agora é a vez de João.
Fã de Lucas, mas nunca deixei de ler o Evangelho de João. Por causa desse meu contato com seus escritos, emocionei-me quando, visitando a Grécia, pisei no chão de Patmos. Nessa mística ilha do Egeu, São João teria escrito o Apocalipse.
Teria? Por que teria?
Fui informado de que ele não escrevera o Apocalipse e sim Prócoros, seu discípulo dileto. Ele apenas ditara o texto. É um assunto polêmico, comentado, examinado e estudado em toda a Grécia.
Os guias helênicos contam essa história aos peregrinos que, todos os dias, aos milhares, visitam a Gruta da Trindade. Muitos, ao ouvirem essa versão, mostram-se perplexos.
Aos turistas, porém, pareceu-me não interessar se foi João ou Prócoros o verdadeiro redator do Apocalipse. Todos queriam mesmo era conhecer a Gruta Sagrada.
No teto da Gruta, abre-se uma fenda. Por ela - é o que se diz por lá -, Deus teria enviado uma mensagem, captada por João. O Evangelista a confiara a Prócoros, incumbindo-lhe de redigir o que veio a ser o Apocalipse.
Meu navio deixou Patmos, lentamente. Só abandonei o convés, depois que vi desaparecer, na linha do horizonte, a última janelinha da Guta da Trindade.
Despedi-me da ilha joanina repetindo, quase em voz alta, este versículo da Bíblia: "Mandatum novo do vobis: ut diligatis invicem, sicut dilexi vos - Vos dou um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei". É o chamado, pela Igreja, de o Grande Mandamento, somente encontrado no Evangelho de João, O Teólogo.