POR ISSO AMO PARIS

O tempo voa supersônico em Paris, tanto há com que se deleitar, o que fotografar, admirar indiferente ao passar do tempo, desperdiçar as horas correndo contra nosso desejo de fazê-las ser mais suaves e lentas. Qualham-se de pessoas os espaços da Cidade-Luz, tamanha é a multidão, e ainda que uma garoa intermitente respingue sobre o amontoado de gente embevecida com tudo que avista, a vida segue, os passeios continuam, ninguém se intimida, os cliques se multiplicam como se um sol lindo brilhasse destacando cada detalhe de sua arquitetura. Enquanto escrevo, milhares de câmeras fotográficas, vindas dos quatro cantos da Terra, firmemente apontadas por seus donos em todas as direções, para todos os lados e construções, monumentos, jardins e praças, trabalham para eternizar esses instantes inesquecíveis. Nada pode nem deve ser esquecido, as fotos serão a forma saudosista de relembrar os dias felizes e românticos passados na capital da França.

Fotografar Paris, aliás, é pura arte, mostra-se até mesmo nova espécie de magia associada aos sonhos, criam-se abundantes asas na imaginação, brota um inusitado clima de fantasia surreal, e há que ter elegância para exercer esse instante artístico. Porque não se está simplesmente tirando fotos singelas, do vazio, da fumaça, pois cada beleza parisiense clicada é acompanhada de muitos séculos de história, de incomparável cultura milenar, do romantismo clássico cultuado nessa cidade onde a vida parece contos de fadas saídos repentinamente dos livros e tornados realidade. Os visitantes e turistas querem guardar lembranças de tudo que é belo em Paris, e tudo em Paris é belo, posto que Paris é como um linda mulher sensual despertando paixões arrebatadoras e incontroláveis em todos os corações, sejam masculinos ou femininos. Ela se exibe, se egocentriza, gosta por demais de chamar a atenção para si, faz parte do ser ser achar-se encantadora e linda, não por soberba, mas em virtude de Paris ser a própria essência da beleza em si mesma.

Por isso amo tanto Paris, seus museus com acervos únicos recheados de história, seus maravilhosos, imensos e magníficos jardins onde os olhos humanos se sentem degustando o manjar dos manjares, onde permanecer estático apenas se enternecendo, ou caminhar para sentir o ar de vivacidade fluindo das árvores, das flores, dos sorrisos, das conversas em diversos idiomas, é assim como galgar montanhas de ouro de prazer, liberdade e alegria, bem como se aperceber do romantismo em correntes de brisa se originando dos doces olhares, dos ardorosos abraços, dos muitos e intermináveis beijos deliciosos trocados aqui, ali e acolá. Talvez o próprio ódio, por seu turno, também ame Paris, essa metrópoles explodindo sentimento, transpirando emoção, gritando o poder que exerce de fascinar e apaixonar as pessoas.

Há sempre algo mais e voluptuoso em Paris para ser visto e guardado na lembrança de forma indelével, essa qualquer coisa a mais que vai muito além de suas luzes esplendorosas, de seu símbolo maior, a Torre Eiffel, do seu marco histórico, o Arco do Triunfo, do seu museu do mundo, o Louvre, de seus palácios e castelos luxuosos que passaram ao domínio da cultura e do conhecimento, e essa incógnita invisível e ao mesmo tempo concreta, que de tão evidente e intensa não se explica, espalha-se imponderável, está ali mesmo no oxigênio respirado pelos seres vivos, no perfume das flores multicolores, no céu estrelado parisiense, no luar iluminando os passantes, na garoa constante e nas quatro estações que funcionam anualmente como um relógio suíço, irretocáveis, presentes, precisas. É essa Paris que eu amo, eu e bilhões de tanta gente mais.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 29/12/2012
Reeditado em 29/12/2012
Código do texto: T4059032
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