Meio Nada
Medo do tédio. Medo do silêncio. Medo do incerto. Até quando aceitarei?
Me adianta tempo
Desejo amargamente uma licença para escapar
Vamos consolidar a frieza da certeza
É insuportável depender do progresso enquanto enxergo o selo de obrigatoriedade para zelar a sobrevivência
Tão banal
Somos banais. Por que ligar para profundidade do poço? Quem realmente chora para ganhar um sorriso? Sou alérgica a publicidade da felicidade
Não me importo mais
Não sinto muito
Apenas imagino como seria se eu não estivesse vazia
O que é uma vida cheia? De dinheiro? De compras? De comida?
Sou metade nada, outra metade vícios
Sou um copo de álcool implorando por uma justiça de esquecimentos
Sou uma caixa de sono aguardando o fim da ingênua ansiedade
Eu não me permito encontrar sentido
Ele só existirá quando o destino ultimar
Extenuei das horas. Para que prolongar a inundação do regresso? Peço licença para interrompe-lo com dignidade
O que vocês chamam de preciosa, eu entendo por negação
O que eu chamo de zero, vocês entendem por existência
É infrutuoso rememorar o motivo de estar aqui, se eu nem se quer tenho o direito de me demitir