SOBRE CASAIS
SOBRE CASAIS
Crônica de Carlos Freitas
Sem dúvida que o casamento é a difícil arte de conjugar, e, unir sem conflitos, a individualidade num convívio a dois. É necessário que exista equilíbrio mútuo entre os cônjuges para uma existência duradoura, e sem traumas. Os pais, sempre serão o espelho para seus rebentos. E é nesse espelho que eles ver-se-ão refletidos. Seus atos e ações futuras serão exatamente o que os reflexos lhes mostraram. Um relacionamento conjugal bem sucedido será o pilar que sustentará o desenvolvimento emocional dos filhos. Naturalmente que numa convivência conflituosa, os reflexos do espelho serão negativos. Isso resultará em ações perniciosas no crescimento e, portanto, prejudiciais no desenvolvimento pessoal e psíquico.
Segundo Berger e Kellner, o casamento em si, é um ato sofrido onde dois estranhos com passados divergentes se unem, em busca de uma redefinição. Assim, é permitido ao casal não só construir uma realidade atual, como também, remontar a realidade passada, obtendo algo em comum que os integre.
Os ideais de um amor romântico na sociedade Contemporânea tendem a soçobrar ante a emancipação e autonomia das mulheres. No convívio conjugal de hoje, há uma exarcebada idealização do “outro”, o que gera conflitos e tensões na relação, podendo redundar em definitiva separação.
Todavia, para aqueles casais que garbosamente sobreviveram a todas as tempestades de uma união, conquistaram objetivos, atingiram metas, e conseguiram fazer dos filhos indivíduos de caráter, vitoriosos e homens de bem... Os louros da vitória. A eles tudo é permitido!
Dias atrás visitei um desses casais - amigos de muitos carnavais - Alfredo e Camila. Estavam acomodados em largas, espaçosas e confortáveis cadeiras de balanço, na varanda da casa. Conversávamos, saboreando cervejas estúpidamente geladas. Falávamos descompromissadamente sobre o saudoso passado, os difíceis dias de hoje, e vaticinávamos o futuro, tentando adivinhar se as perspectivas negativas que temos, poderiam ser exorcizadas por um imaginário Salvador. - Divagávamos nada mais!
Nos momentos seguintes, como se esgotados os assuntos, fez-se um silêncio sepulcral entre nós, quebrado por um longo suspiro do Alfredo, que em seguida disse em bom tom: - Querida eu te amo! Tanta demonstração de carinho por Camila, passados anos de convívio, deixou-me feliz e emocionado. Dei um largo sorriso. Camila como que saindo de um transe o interpela: É você ou a cerveja que está falando Alfredo? – Meu sorriso... Virou fumaça no ar... Esvaiu-se. Tornei-me sério. Algo estava errado. Então Alfredo com sua peculiar tranquilidade e sabedoria, sem pré-sentimento de remorso que poderia redundar em mágoas a Camila, retrucou sobriamente:
- Querida... Sou eu falando... Mas, com a minha cerveja!