Ano novo, vida... igual.

Nunca entendi muito bem o porquê de uma mudança de um dia para o outro trazer tantas esperanças. Lógico que existe a coisa do ciclo que se fecha, uma “era” que termina, etc. Mas na pratica é só mais um dia que terminou e outro que está começando. É dormir e acordar. A diferença da noite da virada, para as outras é que você comprou uma roupa especial pra ela. Roupa branca. Toda branca. Combinação que provavelmente você só vá usar essa vez, já que se usar novamente não é os desconhecidos vão estranhar, olhar torto e os amigos vão tirar sarro, “ta comemorando o ano novo atrasado?”. Quer dizer, ao não ser que você seja um pai de santo, aí usara mais vezes.

Quando era criança via as pessoas chorando, gente que não se falou o ano inteiro se abraçando, prometendo milhões de coisas na noite da virada. Então nós acordávamos e as coisas continuavam iguais. E isso acontecia – e acontece – porque na pratica as coisas não são como aquele caderno que seu pai comprava no começo do ano letivo, que você usava o ano todo, fim do ano jogava fora e no ano seguinte começava um do zero. Na pratica funciona mais como um papel higiênico, que você vai usando, usando, e quando o rolo (o ano) acaba você começa outro, mas as merdas que aconteceram ainda fica. E como sempre tem gente que se esquece de trocar. E você só percebe quando já sentou na privada.

A verdade é que quando da meia noite e o ano novo da às caras, tudo o que aconteceu no ano que findou não fica pra trás junto com o ano velho. Não fica no ontem. Não vai para a gaveta ou para uma caixa de sapato, junto com o calendário do ano passado. Tanto as coisas ruins como as boas vão estar com você nesse novo ano. Assim como a ressaca de champanhe e ceia ingerida na virada, tudo o que aconteceu no ano passado vai acordar com você. Muda o dia a ser preenchido, mas a bagagem é a mesma. A única diferença é que você vai ficar preenchendo cheques, anotações – e outras coisas que tenha que colocar a data – errado até se acostumar com o novo ano.

O que eu quero dizer é que você não precisa esperar até o próximo fim de ano pra renovar suas esperanças. Se você notar que no meio do ano as coisas não saiu como tinha planejado, que a bateria das suas expectativas está baixa, não espere até o fim do ano para carregar. Comece acreditar agora, pra que esperar cinco, sete, três meses que seja, pra voltar a ter esperança, se pode dormir e acordar com ela. Não deixe para o réveillon as resoluções que pode fazer agora.

Ps:. Só prometa o que você pode cumprir.

Afonso Padilha
Enviado por Afonso Padilha em 29/12/2012
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