QUEM NÃO SE COMUNICA SE FOD... SE ESTRUMBICA
Há poucos dias, em uma das minhas folgas do trabalho, ainda de madrugada - creio que faltavam uns vinte minutos para o meio dia - fui me despertando aos poucos com uma conversa um pouco estranha: “dona Socorro você tem bombinha ainda?” O sono foi embora igual ao pagamento depois do quinto dia útil. Mas não seria pra menos, imagine ser acordado essa hora da madrugada ouvindo palavras como: socorro e bombinha. Sem contar que a pergunta era feita com a mesma delicadeza de um elefante.
Devo lembrar de que em casa falar em voz alta não tem nada a ver com nervosismo ou algo parecido, na verdade, não passa de uma marca registrada da família. Mesmo assim me assustei. Até declaração de amor é feita nesse tom. A mulherada “pira” diriam os moderninhos. Sua família também fala alto? Suspeitei. Enfim, depois de ter tirado toda a remela do olho – como assim, você não tem remela? – Tudo bem. Já entendi. Não precisaria ter citado esse detalhe dirão os mais frescos. Continue lendo, prometo não falar mais da remela.
Diferentemente das demais bombinhas, essa da qual minha mãe se referia era justamente para aliviar a “falta de ar”, já que sofre de bronquite asmática. A dona Socorro a socorreu. Santa bombinha! Em casa tem remédio pra tudo: para dor de cabeça, dor muscular, dor de estrambu e para hemorróidas. Não achei graça nenhuma. Ninguém tem hemorróidas em sua casa? Pois é, na minha tem. Esqueça isso. Quando falta algum remédio em sua farmacinha caseira, ela liga para todas suas amigas até conseguir. “me dá esse que te dou aquele”. Tem uma facilidade de fazer amizades que é incrível. Você acha que ela é igual a você? Não não. Minha mãe não fica seis meses na fila para passar ao médico do postinho de saúde. Não me pergunte como, mas ela consegue os números dos celulares de todos os médicos e quando precisa de algo logo ouço: “doutor Carlos, tudo bem?”
A família ficou dividida, um pouco puxou para o jeitão Tofanelli de minha mãe - vai ao médico mesmo sem ter nada. O restante aos Romeiras de meu pai, só vai ao médico em coma, caso contrário nem arrastado. Vá lá e convença os 72 anos a fazer o exame de próstata. “Médico descobre doença que não temos”, com certeza você ouvirá isso. Às vezes acredito nele, pois tem uma saúde de ferro, nem meu irmão de 46 anos está tão bem quanto. Em duas coisas meu pai e minha são iguais: simpatia e sempre de bom humor. Aprendi bastante com eles. Meu pai sempre me diz: “filho, se souber conversar e tiver carisma, você conseguirá quase tudo” E não é que é verdade! Você que se acha feio e não consegue namorada, mude de estratégia, além de se arrumar bem, aprenda a se comunicar e aí quem sabe alguma alma se comova e te ajude. Aquele ditado: ‘quem não se comunica se estrumbica’ é verdadeiro. Quem se comunica consegue bombinha, namorada e furar fila do posto de saúde, só não consegue levar meu pai ao médico, mas isso já é uma missão impossível.