Conversa com Cecília.
Ah,Cecília!Que calor faz hoje!.Deitei no sofá com as luzes apagadas. A janela aberta . As estrelas brilhando no céu! Impossível não lembrar o seu mistério sem fim, diante dessas estrelas. Fiquei a imaginar como conseguiu enxergar uma borboleta ali. Só você mesmo para encontrar a asa de uma borboleta entre o planeta e o sem fim das estrelas! Só você!
Por falar em borboletas, foi assim que te conheci.,lembra? Na verdade conheci primeiro as borboletas, de todas as cores “Brancas, Azuis, Amarelas E pretas”. Vivia a repetir seus versos e eu sempre dizia que era a borboleta amarelinha “porque são tão bonitinhas”.Até hoje gosto delas, são tão lindas e atraentes, me encanta ver que tanta beleza eclode de um casulo. Você foi quem chamou a minha atenção para isso, Cecília.
Com o passar do tempo, conheci você melhor e entendi que nem só de luzes e cores vivem os amores. Rodopiei como a bailarina, pintei o vestido de Laura, inúmeras vezes, porque não entendia quando você dizia que “se não formos depressa, acabou-se o vestido todo bordado e florido”! Eu achava que precisava fazer tudo com rapidez ,então me punha a colorir, colorir , colorir! Não queria que o vestido de Laura se acabasse.
Durante a minha infância, você foi uma das minhas melhores amigas. Incrível ! De uma forma toda graciosa conseguia mostrar-me as mazelas da vida. À principio eu não entendia bem, mas você era paciente e me mostrava de novo, de novo ...e aos pouquinhos eu ia aprendendo. Sempre me fazia companhia.
Lembro-me de quando você apareceu com aquelas ideias de “isto ou aquilo “, me fez enxergar ainda menininha que não podia estar em dois lugares ao mesmo tempo e eu pequenina, acabara de me dar conta disso ,mas não querendo dar o braço a torcer, vivia falando “Claro,Cecília, se sou uma só , não posso estar em dois lugares!”. Mas o doce, ah... o doce ! eu vivia querendo te passar a perna nessa questão, eu dizia que podia comprar um doce mais barato e guardar o restante do dinheiro, mas você insistia que assim não valia, que eu precisava escolher “ou isto ou aquilo” , as duas coisas , nem pensar. E eu ficava matutando, matutando... Tentando encontrar a saída.Cá entre nós, não encontrei até hoje.
Olhar para o céu hoje, me fez um bem enorme, querida amiga! Percebi que você estava lá, dentre as estrelas, me observando, me convidando a descobrir por mim mesma, como encontrar a asa de uma borboleta entre o planeta e o sem fim . Um abraço, Cecília! Até breve.