Ah, a mulher!
Ah, a mulher!
A beleza não consegue andar desacompanhada, há, sempre, olhos arregalados contando os seus passos e derramando elogios pela estrada. A mulher bonita é bonita e pronto! Redundâncias de adjetivos, pleonasmos, tudo para descrever a perfeição. Cada sorriso da beleza é um coração se descompassando, um desejo pedindo para se saciar.
Meus olhos se entregam cada vez que vejo uma bela desfilar em minha frente. Ah, a mulher! Essa mistura de encanto e mistério, de pecado e ternura de, de, de... Realmente, a feiura é uma pirraça! Sou a favor que mulher bonita nunca deva se casar. Beleza tem que ser altruísta, ser repartida, logo, é de um egoísmo extremado deixá-la aprisionada em “alianças” e promessas (casamento, namoro etc.). Eu quero a beleza como quem necessita da salvação e, assim, pecar e descer aos seus infernos. Amar a bela é se flagelar amiúde.
A mulher bela é uma tentação, como se a qualquer momento cometêssemos um achaque, por conseguinte, romper os limites da sanidade. Fico louco quando por mim desfila, saracoteia a beleza e os seus atributos pecaminosos. Quero pra mim! Como? Como sim! Como assim? A beleza é alimento para os poetas, é comida para os carnívoros – perdoem a comparação, contudo, seria demagogia omitir tal comentário – é água para os sedentos de amor e um desrespeito para quem quer seguir a conduta e a vida sem olhar para o lado. Mulher bonita é uma perdição!
Presenciar a beleza se despindo é apreciar o mais- perfeito e, também, se sentir na obrigação de fazer bonito. “Belo, belo, pena que não tenho tudo que quero”! Não é apenas o poeta quem quer, eu também imploro pelo belo. Mulher bonita é colírio, um unguento para aliviar o esdrúxulo que o mundo virou. Ela vem, olhamos; ela vai, olhamos novamente e os olhos seguem cada balançar do seu quadril; até tudo aquilo se perder no horizonte.
Sou servo da beleza e pago caro por isso. Nem tudo que quero posso, mas, às vezes tenho e quando não tenho, imagino. Viva a imaginação do poeta e do profano! Assim, a beleza não passa despercebida por meus olhos, braços e por que não por minha mão?
Mário Paternostro