NA INTERSECÇÃO DA HISTÓRIA
E aí o ano vai acabando e a gente fica meio que dividido. Um pouco olha para trás e outro pouco, olha para frente. É como se estivéssemos com um pé na entrada e o outro na saída, numa intersecção entre o que não é mais e o que não é ainda. Isso é interessante, porque esta coisa de tempo é apenas, um meio de nos situarmos e nos explicarmos no espaço e na história. História, não como algo passado, mas, como algo que está sendo construído. Construção feita por todas as pessoas que passaram e não são mais; por todos os que já são, mas, ainda em formação no ventre daquela que já é e; ainda, por aqueles que não são, por enquanto, mas, um dia serão. Sem nos esquecermos, claro, de nós que já estamos sendo. E neste quebra-cabeça, de peças formadas por aqueles que foram, que são e que serão, passado, presente e futuro se fundem, numa coisa só e formam um todo pleno, belo e maravilhoso de ser contemplado. Essa coisa simples, elaborada pelo Criador, que parece complexa pra gente, é mais para ser vivida do que para ser explicada. Basta não deixarmos ninguém de fora, nos sentirmos parte do todo e dependentes uns dos outros. Então, vamos atravessando os tempos com gente do nosso tempo, até que com o passar desse tempo ele deixe de ser tempo e como rio em direção ao mar, desemboque na Eternidade. Aí então, como seres eternos, à imagem e semelhança de Deus, todos nos encontraremos Nele. E isso se tornou possível porque, na pessoa de Jesus, Deus deixou o Eterno para entrar no tempo para que quando deixássemos o tempo, entrássemos no Eterno. Mas, até a nossa partida, em definitivo, a expectativa maior está aqui, na linha imaginária entre o ano que vai e o outro que chega. E cá estamos nós, na intersecção entre o que não é mais e o que não é ainda. Mas, em tudo, glória a Deus pelo que é, pelo que foi e por tudo o que ainda, será.