11 de setembro ou 11 de março

Ouviram do Pinheiros às margens fétidas
Um som retumbante de um trator
Uns gritos, uns xingos, e as madeiras podres pelo chão.
Ensandecidos e raivosos como cães com fome
Uma pontaria de laser. Uma vontade doentia
Lá se foram para o céu duas torres lindas.
Símbolo de riqueza e prosperidade de um país.
Lá se foram orgulhos, e vidas.
Era 11 de setembro. O mundo todo chorou.
Era mais ou menos a mesma hora
E dois barracos paupérrimos, vergonhas
Do descaso, do desgoverno de um país
Também viraram entulhos.
Era 11 de março. O mundo nem ligou.
Afinal é preciso manter a segurança do
Deus vivo da Terra que está morrendo.
Se lá na América, foi um beliscão no senhor da guerra
Aqui, foi um tapa na cara dos senhores do “sim senhor”.
E agora José, perguntaria o poeta.
E agora Josés, Zezinhos, Zezinhas, que terão a ponte
como teto, a fome como consolo
e os papelões das ruas como riqueza.
Gigante pela própria natureza,
És belo, apesar da pobreza,
E o seu futuro espelha essa grandeza
Dos filhos deste solo és mãe gentil
Pátria amada. Brasil.

Augusto Servano Rodrigues
Enviado por Augusto Servano Rodrigues em 08/03/2007
Reeditado em 11/10/2007
Código do texto: T405731
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