Confissão
Não sou de postar assuntos particulares, aqui, mas hoje preciso desabafar... Eu matei... Matei nessa madrugada... E acreditem ou não, foi em legítima defesa... Mas mesmo assim estou me sentindo culpada, pois nunca havia feito uma coisa tão nojenta...Lá na outra casa ela sempre me visitava, inclusive eu me mudei de lá por causa dela...Já havia recorrido a diversos artifícios na tentativa de impedir que ela aparecesse,justamente para evitar que isso acontecesse...Ela me irritava com aquela mania de me visitar sem avisar. Quando chegava e encontrava minhas amigas, punha todas para correr, sem a menor cerimônia... Nunca respeitou minha presença e nem o meu espaço... Eu que jamais havia saído da minha casa pra ir uma sequer uma vez à casa dela, casa que ela diz que tem que é maravilhosa cheia de coisas, mas é tudo fantasia... Sempre se gabou de ter tudo, depois veio um cara e publicou que era mentira dela...Muitas vezes corri deixei que ela fosse embora sem fazer nada, e apesar de ter tomado todo o cuidado, essa madrugada ela apareceu assim do nada...Parou na minha frente...tentei correr,me desvencilhar, e ela ali me aterrorizando. Gritei, pedi socorro, ninguém me ouviu... Não havia sequer um homem dentro de casa essa noite... Estávamos sozinhas, eu, minha filha e minha neta. Mesmo assim, se tivesse homem, não sei se teria coragem de enfrentá-la, pois muitos amigos meus tinham medo. Lembrei-me do passado, das tentativas de assassinato sem sucesso, tentei fugir, mas me achei uma covarde... Eu sou calma, mas não tenho sangue de barata! Há muito ela me perseguia... E eu muitas vezes tentei evitar, sempre deixei por menos, mas dessa vez não deu... E não me julguem... Qualquer um de vocês faria o mesmo, movidos pelo medo... Eu aqui na varanda da minha casa escrevendo meus textos, sem imaginar que ela apareceria justo àquela hora da noite, inclusive me tirando a inspiração. Fiquei encurralada... Era eu ou ela... Então, me levantei devagarzinho, - gente... foi à paulada e à traição... -quando ela se distraiu, fui pelas costas e dei o primeiro golpe. Então ela fugiu, correu para o quarto onde dormia a minha neta, protegeu-se debaixo da cama, fingiu-se de morta. Com medo que ela voltasse a reagir, fui lá e terminei de matar... Depois limpei a cena do crime, tomei um banho, troquei de roupa, mas até agora sinto nojo de mim mesma por ter matado aquela barata!