TRÊS COISAS DA VIDA.
Por Carlos sena
Tenho em minha frente três coisas: a tela em branco do world, a vida me esperando pra acordá-la e um ano velho que cochila esperando o novo. Tenho em minha frente a ilusão de que o mundo eu traço no ato de escrever – romper a solidão do world; dar um punhado de “chumbinho” a esse velho ano pra ele logo ir dormir e nos deixar sossegado com um novo ano. Quanto acordar a vida, aí é onde a porca torce o rabo. Até hoje não aprendi direito fazer isso, embora tente todo dia, fazendo hora extra, mas quando penso que consigo, pimba: a vida permanece “dormindo”, até parecendo que foi a musa inspiradora do nosso hino nacional: “deitado eternamente em berço esplêndido. Parece mesmo que é mil vezes mais fácil romper um papel em branco ou mesmo um World em branco e até esperar o ano “cochilar” do que acordar a vida. Certo, haverão de dizer, “a vida não dorme, nós é que não sabermos acordar pra ela”. Pode ser, mas não se acorda pra vida sem ela e ela, do alto de sua atemporalidade os instiga, nos cutuca, nos invade. Quando a gente imagina que ela nos invadiu, então, sorrateira, vai embora e a gente fica “chupando o dedo”...
Um belo dia, a gente “chupando o dedo” – meio desconsolado – se sente como se estivéssemos querendo tirar a pedra de Drummond do meio do caminho, lembram? Pois é e “agora José”? Agora, ora, ora. Deixar a vida levar ou fingir que por ela se deixa conduzir, compreendendo o princípio da ilusão. A mesma ilusão que nos ilude imaginando que com um novo ano a gente muda de vida, fica sem dívidas ou sem dúvidas. Engano. Essa é a pegadinha da vida que nos faz iludir querendo acordá-la.
Sabe que mais? Imagino mesmo que o melhor da vida é a dádiva: de aproveitar todos os minutos dela e transformá-los em eternidade; não julgar ninguém, não condenar ninguém, não fustigar ninguém. Beijar na boca muito, sorrir muito ou chorar. Saber que a morte é certa, mas que a vida é não lhe marca hora e sentir a existência como se fosse um perpetuo inexistir.
Por Carlos sena
Tenho em minha frente três coisas: a tela em branco do world, a vida me esperando pra acordá-la e um ano velho que cochila esperando o novo. Tenho em minha frente a ilusão de que o mundo eu traço no ato de escrever – romper a solidão do world; dar um punhado de “chumbinho” a esse velho ano pra ele logo ir dormir e nos deixar sossegado com um novo ano. Quanto acordar a vida, aí é onde a porca torce o rabo. Até hoje não aprendi direito fazer isso, embora tente todo dia, fazendo hora extra, mas quando penso que consigo, pimba: a vida permanece “dormindo”, até parecendo que foi a musa inspiradora do nosso hino nacional: “deitado eternamente em berço esplêndido. Parece mesmo que é mil vezes mais fácil romper um papel em branco ou mesmo um World em branco e até esperar o ano “cochilar” do que acordar a vida. Certo, haverão de dizer, “a vida não dorme, nós é que não sabermos acordar pra ela”. Pode ser, mas não se acorda pra vida sem ela e ela, do alto de sua atemporalidade os instiga, nos cutuca, nos invade. Quando a gente imagina que ela nos invadiu, então, sorrateira, vai embora e a gente fica “chupando o dedo”...
Um belo dia, a gente “chupando o dedo” – meio desconsolado – se sente como se estivéssemos querendo tirar a pedra de Drummond do meio do caminho, lembram? Pois é e “agora José”? Agora, ora, ora. Deixar a vida levar ou fingir que por ela se deixa conduzir, compreendendo o princípio da ilusão. A mesma ilusão que nos ilude imaginando que com um novo ano a gente muda de vida, fica sem dívidas ou sem dúvidas. Engano. Essa é a pegadinha da vida que nos faz iludir querendo acordá-la.
Sabe que mais? Imagino mesmo que o melhor da vida é a dádiva: de aproveitar todos os minutos dela e transformá-los em eternidade; não julgar ninguém, não condenar ninguém, não fustigar ninguém. Beijar na boca muito, sorrir muito ou chorar. Saber que a morte é certa, mas que a vida é não lhe marca hora e sentir a existência como se fosse um perpetuo inexistir.
Imaginar que depois de três mil anos dC a humanidade continua com essas dúvidas é, de fato, motivo de não levarmos ela tão a sério no quesito “acordá-la” – como se acorda uma pessoa e depois conversar com ela. Não adianta. A vida é um “ai que mal soa”, já nos dizia um poeta português chamado Gil Vicente.