PACAMÃO

Lêda Torre

Uma grande amiga, com a sua licença, de nome Hilda, me fez um convite de todos os dias, fazermos o trajeto para o trabalho, via Avenida Litorânea, apreciando a beleza do mar, além de sentir na pele o frescor da brisa matinal, o barulho gostoso das ondas e do mar, num encontro de águas e terra, o calor do sol, como presentes do nosso bom pai. Na rotina nossa de cada dia, foi mais viável essa opção, porque o trânsito pelas vias regulares que vamos ao trabalho, têm sido caóticas pelo engarrafamento insuportável na capital ludovicense.

Pois bem, começamos o percurso pelo bairro dela, o Cohatrac, depois o meu Parque Vitória, em seguida a grande Avenida Rei de França, logo mais a outra Avenida, também extensa, dos Holandeses e por fim a bela Avenida Litorânea. Conversa vai, conversa vem, observando tudo que passava por nós, passamos a prestar atenção nos muitos personagens que ali fazem suas caminhadas matinais, seu cooper costumaz, seus papos, etc.

Meio a tudo isso, tem os turistas, a gente conhece logo, cara de gringo...depois tem os idosos, uns acompanhados, outros sozinhos, poucos jovens por incrível que pareça, gente alta, gente baixa, umas pessoas magras, outras gordinhas, outros de porte atlético, malhados...e muito mais.

Contudo, um personagem nos chamou a atenção por seu porte diferente, todo dia na mesma rota, uma roupa a cada dia, um tênis novo, um óculos escuro o completava no visual de esportista. Moreno, magro, meio baixo, parecia um índio, já numa faixa etária de uns cinquenta no máximo. Dos seus trajes, observamos que uma sunga preta era a sua predileta...mas o que nos chamou a atenção foi o formato do corpo dele, esquisito, parecia o tronco muito avantajado e pra baixo parecia o formato de um peixe...sei lá..uma coisa estranha, mas muito engraçado e nós duas começamos a sorrir pela molecagem que inventamos de dar um nome para o personagem: PACAMÃO.

Foi a amiga Hilda que o batizou; e eu nem sabia o que era isso, depois ela me disse que é um peixe. Mas foi muito inusitado aquele momento da escolha...e todos os dias no mesmo horário, no mesmo percurso o famoso Pacamão...e aí não, era uma graça só. Vez e outra ele não ia fazer sua caminhada...e naquele contexto já fazia falta o tal personagem; era sempre engraçado toda vez que ali a gente passava. E é assim, quando estamos juntas, em horários fora do trabalho ou nos intervalos, nos juntamos a um pequeno grupo de colegas e é aquela graça. Só molecagem...e assim, um dia é Pacamão, outro dia é NQTI, outro dia, é TIPÀTICA...essas molecagens. Isso faz parte das nossas vidas, se não for assim, levarmos numa boa, não conseguimos encarar os muitos desafios, não é verdade caro leitor?

______São Luis, setembro de 2012______________

Lêda Torre
Enviado por Lêda Torre em 28/12/2012
Reeditado em 23/06/2021
Código do texto: T4056534
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