A Competição e O Simples
Estava assistindo a um documentário na TV sobre campeões do esporte e da superação pessoal de cada atleta. Falava também sobre aquele plus que fazia de um competidor o campeão. Teve depoimento de um atleta que disse que quebrou os dedos pois não o contraiu quando encontrou a parede da piscina. E foi esse detalhe que o fez ganhar a prova. Ganhou medalhas e tudo mais.
Eu fiquei um pouco intrigado ao assistir a narrativa e pensei: por que temos que competir? por que almejamos o primeiro lugar? Por que temos que ser PRIMEIRO? O que realmente ganhamos ao chegar em primeiro lugar? uma medalha e um título são permanentes? Um título e uma medalha satisfaz ao ponto de não precisar de competir mais? Um campeão de uma modalidade esportiva é exemplo de um ser humano em sua totalidade? Esse campeão é realmente feliz? E os demais competidores? como eles se sentem?
Existe competição para o ser humano mais feliz? Existe competição para o melhor pai de família, para o homem mais honesto? Por que o corpo atlético é o mais valorizado e o mais belo?
Nos meus "achumes" sinto que a competição é uma válvula de escape do ser humano de enfrentar a vida no simples. Temos a necessidade de criar e "superar desafios" como se a vida em si fosse uma eterna competição. Temos a ganância de querer ter todos os louros e de menosprezar o feito dos demais. Temos a prepotência de ser melhores que os outros. Temos a arrogância de eleger as práticas que nos irá proporcionar ser melhores que os outros. É a vontade egoica de ser Deus, de fazer o destino, de fazer por si mesmo, de não precisar do outro quando está competindo.
Quando vejo um atleta finalizando uma competição que ele mal chegou aos pedaços de tanto esforço e desgastes, custa a conseguir levantar os braços, dá um sorrisinho fugas e já pensa em melhorar a marca ou se frusta por não ter batido o recorde.
Essa modo de viver e ver a vida é extremamente louco. Se esforçar de uma maneira sobre-humana, abrir mão de várias coisas belas da vida, para tentar chegar em primeiro lugar, para se superar (não sei de que), por um breve espaço de tempo, e nunca estar plenamente contente é coisa que não vejo sentido nem lógica.
Prefiro o viver sem competição, sem superação, sem esforços hercúleos, sem ser o primeiro, o segundo ou o último.
Somos todos únicos e com qualidades singulares. Não existe ser humano melhor ou pior que outro.
Viver o simples é muito mais difícil para nós, do que ganhar uma simples medalha.