Roberto Carlos...”O cara” que” é uma brasa, mora!”

Jorge Linhaça

Poucos são os cantores que atingem tanta longevidade artística quanto Roberto Carlos. Menos ainda são os que se dão conta de evitar uma superexposição depois de certo ponto da carreira e ainda assim permanecem no imaginário popular durante décadas a fio.

Roberto Carlos para mim é um mito inexplicável, que tem um carisma incontestável é verdade, mas não se pode dizer que tenha uma grande voz, o que não desmerece a sua carreira, pelo contrário, aumenta esse mistério que envolve os mitos.

Pessoalmente eu preferia o Roberto de outros tempos, de décadas atrás mas, como contestar o talento artístico do filho de Cachoeiro do Itapemirim, de manter-se sempre no topo imaginário da realeza musical?

Como explicar que seus/suas fãs aguardem, ansiosos, o fim do ano para comprar seu novo CD, viajar no cruzeiro onde ele se apresenta e assistir o indelével especial de fim de ano, tão tradicional quanto Papai Noel?

Confesso que não sou fã dos últimos trabalhos do “Rei”, mas reconheço que ele sabe como ninguém invadir o imaginário feminino com suas letras e trejeitos interpretativos.

Engana-se quem pensa que Roberto tem fãs apenas na faixa etária que veio acompanhando sua carreira desde a jovem guarda, do tempo dos calhambeques, dos cabelos panetone ou das fofocas da Candinha.

Roberto Carlos descobriu a fórmula mágica de se reinventar sem se reinventar, por mais paradoxal que isso possa parecer.

Aprendeu a estar na mídia no momento certo, mantendo-se quase que recluso durante o resto do ano. Raramente se fala do Rei em revistas de fofoca e, quando isso acontece é para liga-lo ao nome de alguma nova musa que haveria balançado o coração do Rei.

Roberto tem uma longevidade que só deve encerrar-se no momento em que cerrar definitivamente os olhos. E ainda assim é quase certo que milhares de fãs correrão às lojas ou aos camelôs para adquirir coletâneas e mais coletâneas dos grandes sucessos do Rei. (E haja sucessos!).

Quer se queira ou não, Roberto Carlos “ É uma brasa, mora!”

E não há como duvidar que ele seja “O Cara”.

Salvador, 26/12/2012.