O LIXO DE BRASÍLIA

Quando se fala em corrupção no Brasil logo vem a mente “os políticos de Brasília”, relembramos as inúmeras histórias: anões do orçamento, os sanguessuga, os prêmios da loteria, os mensaleiros e por último, aliás, melhor dizendo o mais recente porque essa desgraça nunca acaba, foi o caso cachoeira. Mesmo o homem morando e vivendo em Goiânia, uns quase trezentos quilômetros de Brasília. Mas não tem jeito tudo acaba aqui, bem nas nossas barbas.

A população brasileira costuma fazer a ligação direta de corrupção com Brasília é pública e notória a má fama, as piadinhas e conversas de botequim atribuindo a cidade um antro de perdição, como se Brasília de fato fosse geradora de toda corrupção brasileira, o berço do nascimento de todo mal.

Acontece que a cidade de Brasília, estabelecida no perímetro do Distrito Federal, contribui com apenas oito deputados federais e três senadores, não que os ditos políticos sejam santos, ou não se envolvam em corrupção, pelo contrário, quem não lembra da história da bezerra de ouro? Que levou um senador e ex-governador a renunciar o mandato e o outro senador que se envolveu com o ex-juiz Nicolau. Sem contar que bem recente um governador e seu vice também protagonizaram um espetáculo deprimente, é lamentável, mas é verdade.

Porém, há de se ressalvar que na contribuição nacional dos vinte e seis estados e um território, a contribuição de Brasília seria mínima, em números reais temos 1,6% dos deputados federais e 3,6% dos senadores.

Ora, se Brasília contribui com esses míseros percentuais, então de onde vem o restante e com eles os problemas de corrupção e outras mazelas? Claro, vem dos vinte e seis Estados Brasileiros, onde são votados e enviados para Brasília, trazendo consigo suas virtudes e defeitos, e quando são flagrados em falcatruas ou qualquer outra maracutaia os meios de comunicação não detalham quem são ou de onde veio: ontem o deputado federal fulano de tal, flagrado com a boca na botija, eleito pelo estado tal, foi preso e perderá seu mandato eletivo; ontem o senador fulano, do Estado tal, que defendia a honra e moralidade foi preso em flagrante delito quando recebia uma bolada de dinheiro proveniente de um empresário que era extorquido. Essa é a forma correta de noticiar, não que a imprensa seja burra e não saiba escrever, não é isso, deveria ser mais incisiva no tocante a origem do corrupto, corruptor e o resultado daquela prisão, inclusive citando o estado do “carcará sanguinolento”.

São raras as vezes que os meios noticiam a origem do corrupto, tanto é verdadeiro que quando se está viajando pelo Brasil temos que explicar que os políticos do Congresso Nacional muitas vezes nem moram em Brasília, preferem trabalhar de segunda a quinta e voltar para seus estados.

Mas lamentavelmente a primeira imagem é a que fica, quando um corrupto é flagrado a notícia vem de Brasília e logo começa a confusão em saber de onde o “coitado” veio e para onde deve retornar, considerando que o lixo não é de Brasília.