Saudade
É uma sensação ruim, um gosto amargo. Gera uma inquietude no coração, que afasta os pensamentos do corpo e deixa toda a realidade um pouco embaçada.
É a saudade. Saudade daquilo que já existiu e agora não existe mais, saudade de quem estava por ali e já não está mais.
A saudade vem de muitas formas, mas o mais comum é que se tenha saudades de alguém. Alguém especial, alguém amado. E sempre há alguém que faça falta na vida de uma pessoa. Às vezes essas pessoas insubstituíveis se vão, e tudo o que resta no seu lugar é a saudade.
A saudade, essa sensação amarga do gosto ruim. Uma palavra que nem existe em outras línguas, sendo uma das muitas dádivas da língua portuguesa.
Qual outra palavra para definir o olhar de um namorado, encarando o vazio, pensando naquela que ama? Ou de um filho, que por motivos alheios a sua vontade foi separado do seu pai, sentindo sempre a falta de algo em sua vida?
Só existe a saudade.
A saudade, cantada de forma romântica por Vinícius de Moraes, mas que de romântica nada possui. Possui apenas a brutalidade de um martelo para o qual nada importa, além de esmagar o prego contra a parede.
Ao prego, afundado, torto e amassado, resta apenas a saudade, da luz que um dia teve em um lugar qualquer.
E na vida, existem muitos pregos. Pregos que serão amassados, sem dó ou piedade, na parede do esquecimento do passado. Pregos que deixarão marcas, com um requinte de dor e olhos lacrimejantes.
Pregos que deixarão saudade. Amargo gosto, ruim sensação