Mais do que ter é ser Natal.

Daqui, deste país ocupado pela agiotagem mundial,

desejo-nos do fundo do coração (meu país Natal) o Natal mais ALEGRE de todos os que desejei.

Porque a felicidade germina da sensibilidade, aliemos a ternura à inteligência, a doçura à coragem e vivamos um Natal em todos os dias como se cada um fosse o último.

Não sou, porém, cego ao ponto de não reconhecer que 2013 vai ser mais duro do que o duro 2012. E, insensível, à razão por que a Islândia expulsou quem a levou à bancarrota e o país começa de novo a flutuar e em Portugal quem levou o país à bancarrota não foi expulso e expulsa o país e o país continua a afundar.

Ou: por que razão quem diz querer ajudar Portugal ganhar sem pudor (com o despudor dos mercados) à custa da desgraça de Portugal cobrando juros que só ao Diabo lembraria a prazos mais apertados do que uma servidão antiga.

Ou que democracia representativa é esta cujos putativos representantes legislam sem mandato expresso dos representados? Ou que governo é este que obedece servilmente ao credor, que não o elegeu, e humilha olimpicamente o devedor, que o elegeu?

Ou ainda: por que razão os sacrifícios são mais duros de suportar para alguns portugueses (a maioria desprotegida) e mais leves de enfrentar para outros portugueses (a minoria protegida). Ou por que razão, em tempo de crise, ao contrário dos que lutam apenas para sobreviver, outros portugueses enriquecem escandalosamente à custa de quem empobrece? Nem tudo pode ser explicado pelo sacrossanto MERCADO!

Tudo isso é certo.

Mas, sendo a dignidade um bem maior, maior do que a própria vida,

um bem superior à saúde e à liberdade, não nos deixemos levar pela agiotagem do desânimo.

A vida é única, nós somos únicos.

E a felicidade brota de dentro.

Mais do que ter é ser.

Como pensamento natalício, sugiro aos ‘iluminados do poder’, político ou económico ou intelectual ou outro que escape à nossa limitada inteligência de plebeu republicano, que quando pensarem neste povo sereno agora colonizado por agiotas, enganado por inábeis ou chico espertos sem escrúpulo, o favor de não esquecerem que a Lagoa do Fogo é serena apenas entre duas erupções. E de que, pode dar-se bem o caso de que, afinal, o gato não tenha sete fôlegos.

Bom Natal.

Repleto de ser feliz.

Com quanto baste para se ser feliz.

Viva a dignidade!

Viva a Felicidade!

Mário Moura

20 De Dezembro de 2012

Mário Moura
Enviado por Mário Moura em 24/12/2012
Reeditado em 12/06/2016
Código do texto: T4051535
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