PENSA QUE ESTÁ FAZENDO O QUÊ?

As pernas não obedeciam mais. A senhora, de mais ou menos oitenta anos, estava parada esperando o sinal verde para atravessar para o outro lado da rua. Ao seu lado várias pessoas também aguardavam. Ela olhava para cada rosto e via a indiferença estampada. Todo mundo tem pressa, e quem vai parar para ajudar uma velhinha a passar para o outro lado da rua?

O sinal ficou verde. Todos correram para a outra calçada. A senhora também foi, mas o passo... Ah! o passo era lento embora ela se esforçasse para torná-lo mais rápido. Nisso ela sentiu alguém segurar a sua mão. Era um menino de uns dez anos.

- Senhora, posso ajudar? – perguntou o garoto.

- Obrigada, meu filho. Ainda bem que existe amor e solidariedade nas crianças. Vamos! Preciso chegar ao consultório médico às nove horas.

A senhora e o menino, de mãos dadas, estavam bem no meio da rua quando o sinal ficou amarelo. Motores roncando, gritos, xingamentos dirigidos aos dois. Foi então que menino parou. Abriu os braços e mandou a senhora prosseguir. Os motoristas, possessos, gritavam:

- Sai da frente maluco. Você não tem mãe? Seu pivete. Vai pra escola seu moleque!

O menino ficou ali até a senhora chegar do outro lado. Quando ele abaixou os braços, o motorista que estava ao lado dele, perguntou irado:

- Seu moleque, pensa que está fazendo o quê?

- Estou fazendo um ato de amor, coisa que o senhor não aprendeu com a idade que tem. – respondeu o garoto indo embora calmamente.

08/03/07.