O IMPORTANTE É SER FELIZ

Pois é, minha gente passaram o frio na barriga, o nervoso, encenamos a peça Sacra Folia e de tudo ficou mais um aprendizado, que a gente já sabia na teoria, mas aprendemos na prática: no palco, somos uma equipe, um time e um depende do outro para tocar a bola. Se estou bem, o outro vai bem. Se o outro está bem, eu vou bem. Se um falha, todos falham e se não dou ou não recebo a fala, tudo desanda, ainda mais quando não temos experiência.

O público não conhece o texto, mas percebe o silêncio desconcertante ou engraçado, mas gera em quem está no palco uma tensão que vai se agravando.

Falaram que foi bom, eu poderia chegar aqui e dizer que foi um sucesso, mas estaria faltando com a verdade, porque sabemos que houve falhas. "Você é muito exigente, me dizem". Mas tanto esforço, ensaio, viagens de ônibus até o local, o estafante calor, tomar chuva, a dedicação do Zé, o diretor, tudo isso tinha que ser recompensado. E na minha opinião - tenho a coragem de dizer - não aconteceu. Não para mim. Apesar de ficarem me consolando (ou dizendo a verdade, não sei avaliar isso) que fui muito bem, apesar das falhas.

Vocês nem imaginam a loucura que é. Principalmente quando atores são alunos, aprendendo os rudimentos da arte de representar, quando tudo que estava planejado não dá certo, por causa da chuva - tivemos que ir para uma sala, já que o Prédio, que é do Governo, sendo uma escola de teatro, não tem um auditório nem um palco e tudo estava preparado para acontecer no pátio; tivemos que subir e descer umas três vezes as escadas de 3 andares; as roupas não ficaram prontas em tempo de experimentar, mas pagamos uma taxa para serem feitas. Não usei nada; ainda bem que levei roupas de casa para o Zé, o diretor, aprovar, caso acontecesse algum imprevisto. E aconteceu mesmo. As roupas não cabiam em mim, apesar de terem tirado as medidas. O Zé aprovou a calça que levei e arrumou camisa de mangas compridas (calor!!!) e um colete de peças passadas.

Não notei uma comoção pelo resultado. No geral, pareciam crianças felizes por terem vestido suas roupas e participado da festa.

Como disse, tudo na vida serve de aprendizado e experiência. Aprendi também que até entre amadores impera a vaidade, a teimosia, a falta de humildade, o medo da estréia, o frio da barriga, a tensão, o medo de falhar. Contudo, estamos neste barco, neste palco, no teatro da vida e vamos aprendendo as lições.

Disseram-me no Face-book: “Eu gostaria de ter essa coragem”. Respondi que é só ir com o carão, a coragem, a humildade, muita vontade, dedicação e a disposição para aprender com o fracasso e o sucesso.

E quando o Diretor é bom, é o caso do Zé – José Antonio do Carmmo, quando gosta e sabe trabalhar com gente, ele tira leite de pedra, o aprendizado e a convivência não tem preço. Afinal, é um curso, estamos todos aprendendo e é preciso ter essa compreensão.

No final, além da frustração também restou muito riso. À noite, conversando com minha amiga Lidia, que fez o papel de Maria, fizemos nossa catarse e demos muitas risadas lembrando tudo o que aconteceu. Quando o silêncio do esquecimento pairava e a confusão se instalava, o Zé, que nos dirigiu, mandava um anjo entrar em cena com um “recado” para acender alguma luz e podermos continuar. Numa das vezes ele mandou o personagem diabo fazer uma ação e a peça seguiu.

Depois da apresentação, o Zé saiu logo dizendo ter um compromisso. Eu disse à Lidia que acho que ele foi chorar.

Quem foi pode se maravilhar com o coral, com a seresta, com a Orquestra Sanfônica (10 sanfonas e muita cantoria) com o Maracatu e conferir nossa tentativa de nos apresentarmos como atores.

Para os que foram, digo muito obrigada pela presença e fica a promessa e o desejo para 2013 de sermos FELIZES!!!

Um feliz, abençoado, luminoso Natal e um Ano Novo cheio de realizações, bênçãos, paz, fé, prosperidade.

23/12/2012

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Assista:

http://www.youtube.com/watch?v=TTBz_MBDkEw

http://www.facebook.com/dirce.carneiro.3?ref=tn_tnmn

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O Zé, sempre generoso, deixou o seguinte recado nos comentários, que eu incorporo por ser muito edificante:

"Oi! Sou eu o Zé. Só agora, fazendo uma pesquisa por meu nome no Google, vi este relato. Então resolvi comentar. Queria dizer que não saí para chorar. Tinha compromisso mesmo. Viajaria logo cedo e estava exausto. Houveram "erros" na apresentação. Coloco entre aspas porque não considero erros. A falta da dita experiência é que faz com que fique essa sensação de buraco... Um pouquinho de jogo de cintura e tudo estaria bem, sem essa sensação... Notei a frustração de vcs! Tanto que quero muito falar com todos...um amigo que assistiu se divertiu e adorou... Tudo muito relativo... A tal sensação... Eu assistindo as imagens que fiz do espetáculo, dei boas gargalhadas... Cuidado com o alfinete, principalmente o alfinete pessoal. Às vezes ele é tão grande que fere a alma. O momento, encarado como aprendizagem, é feito de "acertos"e "erros"... Entre aspas... Porque tudo depende do ponto de vista, do tamanho do seu alfinete. Cada processo é uma aventura de descobertas. E a cada passo uma conquista. Esse espetáculo foi, para alguns, um primeiro passo. Resta saber se será o começo de uma longa caminhada, de um longo aprendizado... Ou se será apenas um momento. Se for, que tenha sido prazeroso o momento. Divirto-me com cada pessoa, com cada montagem, com cada piada em sala... Sou o que sou, porque vivi o que vivi e com essas pessoas que passam por mim e deixam muito delas. " tu te tornas eternamente responsável por aquilo de cativas" ALEGRIA SEMPRE!!!!!! "

DIANA GONÇALVES
Enviado por DIANA GONÇALVES em 23/12/2012
Reeditado em 11/06/2013
Código do texto: T4050632
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